Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Património Cultural Imaterial dos Açores Sinalização



Identificação da Manifestação

Designação: Decoração de Chavelha e de Carros de Bois nas Festas do Espírito Santo - Sete Cidades, Ilha de São Miguel
Outras Designações:

Decoração da chavelha com flores de papel

Domínio: Práticas sociais, rituais e eventos festivos
Categoria: Festividades cíclicas

Contexto Social

Comunidades, grupos ou indivíduos:

As festas do Espírito Santo, comemoradas em todas as ilhas dos Açores, são também organizadas e vividas pelos habitantes das Sete Cidades, assim como pelos visitantes e forasteiros que se deslocam a esta freguesia para celebrar estas festividades.

 A organização da festa fica a cargo do mordomo do Império e de um grupo de irmãos/sócios que apoiam em vários momentos o mordomo. Contudo, a decoração das chavelhas e carros de bois, para os cortejos festivos das festas do Espírito Santo, é da responsabilidade de algumas famílias, nomeadamente a família Costa das Sete Cidades.


Contexto Territorial

Ilha(s): Ilha de São Miguel
Município(s): Ponta Delgada
Freguesia(s): Sete Cidades
Espaço: Casa da família Costa

Contexto Temporal

Periodicidade:

Todos os anos durante o período das festividades do Espírito Santo, a família Costa, decora algumas chavelhas e carros de bois, para as mordomias da freguesia. Deste modo, esta manifestação realiza-se anualmente, no período a seguir à Páscoa até finais de junho e princípios de julho.


Caracterização da Manifestação

Caracterização e Historial:

Caraterização:



As festas do Espírito Santo são um denominador comum a todas as ilhas do arquipélago dos Açores, porém é notória a diversidade de formas que assume de ilha para ilha e mesmo dentro de cada ilha há diversidade.



Nas Sete Cidades, a decoração dos carros de bois e a preparação das chavelhas, decoradas com flores de papel, remetem-nos para a arte popular de recorte de papel que se fundamenta na arte conventual, e utiliza a técnica de junção de flores na construção de simbolismos e cenários bíblicos. As flores elaboradas com recurso ao corte de tiras de papel, linha e alambre formam o padrão que dá forma ao simbolismo bíblico pretendido. Para a execução das chavelhas Maria de Jesus Costa, conta com o apoio da sua filha Maria Adelaide Costa, assim como dos restantes membros da família, que cumprem um papel crucial na decoração do carro de bois, composto por arcos, bandeiras e fronteira. Para iniciar o processo, a imagem pretendida é transferida em suporte de papel para a base em madeira da chavelha, seguindo-se a elaboração de inúmeras flores feitas em papel com diferentes cores que criam o motivo. A chavelha junta-se por fim ao conjunto do carro de bois, como peça sublime de um decorativismo celestial de objetos mundanos e anacrónicos, como é a sebe, a canga e a chavelha.  



 



Historial:



O carro de bois é desde cedo uma ferramenta fundamental no quotidiano rural do povo açoriano, sendo elemento indispensável nas tarefas da terra, assumindo um papel teatral nos festejos. A elaboração da chavelha para as festas do Espírito Santo representa, de um modo simbólico, a relevância atribuída a esta entidade divina. O objeto assume dimensões desproporcionadas quando comparado com o utilizado nas normais tarefas realizadas pela junta de bois. A sua preparação assume particularismos de freguesia para freguesia, sendo característico nas Sete Cidades, o uso de chavelhas circulares preenchidas com flores de papel representando um figurismo muitas vezes simbólico das festas do Espírito Santo.



A elaboração das chavelhas festivas do Espírito Santo, manifesta-se nas localidades onde há uma forte vivência da religiosidade por parte da comunidade, associada às capacidades artesanais de decoração de chavelhas, carros de bois e quartos do Espírito Santo de alguns dos seus habitantes.



Para a família Costa, o hábito de fazer as chavelhas para as festas do Divino Espírito Santo, iniciou-se por volta de 2009, quando uns amigos do senhor Januário Costa, da freguesia de Bretanha, sabendo das capacidades artísticas e artesanais da sua família (principalmente da sua esposa Maria de Jesus Costa e filha Maria Adelaide Costa) o desafiaram a elaborar uma chavelha para as festividades daquele ano, sendo a partir dai recorrente o envolvimento destes na preparação de chavelhas tanto para cortejos na freguesia de Sete Cidades como em localidades vizinhas.    


Manifestações associadas: A construção das chavelhas é uma tarefa cíclica, de carácter anual, que se realiza durante as festividades dos impérios e mordomias.

Transmissão da Manifestação

Estado: Ativo
Modos: Informal
Oral
Com recurso a objetos
Com recurso a edifícios

Identificação da Documentação de Suporte

Bibliografia:

ATAÍDE, Luís Bernardo L. de, 2011, "O Carro de Bois", in ATAÍDE, Luis Bernardo L. de (org.), Etnografia, Arte e Vida Antiga dos Açores, Ponta Delgada: Edição Facsimile, Vol. III, pp. 182-194

CORTES- RODRIGUES, Armando, 1968,"Açores", in LIMA, Fernando de Castro Pires de, A Arte Popular Em Portugal, Ilhas Adjacentes e Ultramar, Lisboa: Editorial Verbo, p.130-134

LEAL, João, 1994, Festas do Espírito Santo dos Açores – Um estudo da Antropologia Social, Lisboa: Publicações Dom Quixote

Outros documentos escritos:

História de vida de Maria de Jesus Pavão Feliciano Costa e Adelaide da Conceição Feliciano Costa (4 páginas).

Registos fotográficos:

Total de 165 fotografias registadas nos dias 10 de junho de 2014 (58 fotografias) e 21 de junho de 2014 (107 fotografias) pela Equipa do Património Cultural Imaterial (PCI) do Museu Carlos Machado (MCM), 15 das quais ilustram, abaixo, esta manifestação.

Registos fílmicos:

Carros de bois e a construção da chavelha, Documentário, 2015, Equipa PCI, Museu Carlos Machado, 4’03 minutos.

Anexos:
  • © Adelaide Costa a efetuar o desenho da chavelha, Sete Cidades, 2014

  • © Família Costa nos preparativos do desenho da chavelha, Sete Cidades, 2014

  • © Desenho da chavelha colocado no seu próprio suporte, Sete Cidades, 2014

  • © Da esquerda para a direita: Maria de Jesus Costa e Andreia Gaidola a elaborar flores em papel crespo para a ornamentação da chavelha, Sete Cidades, 2014

  • © Da esquerda para a direita: Adelaide Costa, Maria Tabau e Telma Silva a elaborar flores em papel crespo para ornamentação do carro de bois, Sete Cidades, 2014

  • © Maria de Jesus Costa a elaborar flores em papel crespo para a ornamentação da chavelha, Sete Cidades, 2014

  • © Pormenor das flores artesanais colocadas na chavelha, Sete Cidades, 2014

  • © Resultado final da chavelha, Sete Cidades, 2014

  • © Ornamentação da chavelha, Sete Cidades, 2014

  • © Adelaide Costa nos trabalhos de decoração do carro de bois, Sete Cidades, 2014

  • © Da esquerda para a direita: Januário Costa (pai) e Bernardo Costa (filho) a trabalhar na montagem do carro de bois, Sete Cidades, 2014

  • © Carro de bois em processo de decoração, Sete Cidades, 2014

  • © Família Costa a trabalhar na decoração do carro de bois, Sete Cidades, 2014

  • © Carro de bois com a chavelha, Sete Cidades, 2014

  • © Carro de bois com a chavelha, Sete Cidades, 2014


Património Associado

Móvel:

Na coleção de  Etnografia Regional do Museu Carlos Machado, as festividades do Espírito Santo estão representadas através de artefactos como a coroa, a bandeira, a chavelha e o carro de bois.


Registo criado por: Museu Carlos Machado
Data do registo: 21-12-2016

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