A Direção Regional da Cultura, através da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, expõe o “Documento Histórico” e a “Raridade” do Mês, que estarão patentes ao público na vitrine da Sala de Leitura durante o mês de junho de 2025.
O documento selecionado é o rascunho manuscrito do poema “Mãos de ausência”, de 1955, de José Sebag, dedicado à memória de Fernando Pessoa.
José Sebag (1936-1989) foi um poeta do surrealismo português. Em vida, publicou duas obras: "Planeta Precário" e "Cão até Setembro", embora tenha deixado muitos outros "projetos de escrita" em manuscritos originais, depositados em nosso Arquivo. Nascido na ilha do Faial, viveu grande parte da sua vida fora dos Açores. Fez o liceu em Beja, para onde o seu pai foi trabalhar, e prosseguiu os estudos universitários em Direito. Mas foi em Lisboa, integrado no chamado grupo do Café Gelo, no convívio com alguns "sobreviventes do surrealismo", que José Sebag "viveu outra vida", privando com autores como Mário Cesariny, Mário-Henrique Leiria, António José Forte, Ernesto Sampaio ou Herberto Helder. Serviu como comandante miliciano na Índia em 1960, foi jornalista e repórter do Notícias de Luanda, entre 1970 e 1974, experiências que acabaram por marcar o seu pensamento e ter grande influência na sua escrita. Escreveu os diálogos do filme "Vidas" (1984), de António da Cunha Telles, e trabalhou na Radiodifusão Portuguesa (RDP), em Lisboa, onde foi responsável por programas como "O ovo de Colombo" (anos de 1970/80). Em 1992, a revista Atlântida, do Instituto Açoriano de Cultura, dedicou ao escritor um número especial, com artigos sobre a sua vida e obra assinados por autores e investigadores como José Carlos Gonzalez, João Rui de Sousa e Emanuel Jorge Botelho, entre outros.
A “Raridade” selecionada é um exemplar do n.º 2 da revista “Orpheu”, editada em Lisboa por Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, e que conheceu apenas dois números. De cariz modernista, produto intelectual de um grupo de jovens poetas e artistas praticamente desconhecidos, os seus dois números provocaram de imediato um escândalo literário de proporções significativas para um fenómeno literário, que se arrastou ao longo de vários meses na imprensa portuguesa, assegurando a sua reputação para além do momento da publicação. O seu n.º 3 nunca chegou a vir à luz, devido a dificuldades de financiamento.
A Direção Regional da Cultura informa que este e outros eventos estão disponíveis para consulta na Agenda Cultural do Portal CulturAçores, no seguinte endereço eletrónico: www.culturacores.azores.gov.pt