Duna, de Frank Herbert
Podemos olhar para a literatura como uma autoestrada de conhecimento, repleta de saídas e oportunidades, onde cada livro é um novo caminho, um novo ponto de partida e de chegada, que nos permita alcançar destinos diversos, desbloquear aventuras e abraçar emoções.
Dentro desse vasto universo, a chamada “literatura do fantástico” encontra-se numa faixa de rodagem muito própria, frequentemente conotada com determinados públicos mais jovens, e apelidada por preconceitos que não se consideram válidos na sociedade contemporânea onde vivemos.
Os mundos fantásticos que esses livros apresentam e inspiram são pontos de partida para reflexões mais profundas, que podem ser feitas por crianças, adolescentes e adultos, em graus e qualidades diferentes, desde que devidamente experienciados, caso a caso e pessoa a pessoa.
A literatura do fantástico pode ser também uma porta de entrada para outras literaturas, porquanto o prazer da leitura é um gosto que se adquire e raramente se volta a perder. Do fantástico à ficção científica há ainda um caminho vasto, mas que se considera mais próximo de uma ponte do que de um grande vale de separação.
São estilos literários irmãos, que nos transportam a imaginação para outros planos, espaços temporais ou realidades paralelas. Para além desse ato de escapismo, a ficção científica e o fantástico servem também como espelhos, onde podemos refletir a natureza humana, a nossa realidade presente, os desejos mais profundos e os maiores medos da Humanidade.
É por essa janela que penetramos quando abrimos as primeiras páginas de Dune, obra-prima de Frank Herbert, que serve como uma ponte entre a ficção científica e o fantástico, e que deu origem a muito do que atualmente se produz e escreve, no que concerne a mundos distópicos, óperas espaciais e outras realidades semelhantes.
Dune (em português Duna) é o primeiro livro de uma longa saga, ainda que a sua leitura possa ser feita de forma perfeitamente autónoma face à mesma. É um romance sobre dois jovens cujos caminhos se cruzam em tempos conturbados. É um ensaio sobre a religião, o mito e a moral. Mas é também uma epopeia sobre a guerra, a rebeldia, o totalitarismo e a manipulação social. Retrata um cenário de conflito social e económico que pode servir para ponderarmos os dias que correm e repensarmos algumas das nossas atitudes e viagens pessoais.
Dune foi escrito em 1965, mas continua tão atual como então. Convida-se o leitor a descobrir este caminho e juntar-se ao Clube de Leitura Folhas de Quinta para uma discussão animada, sobre a obra, o autor e os seus múltiplos significados.