[N. Nossa Senhora da Vitória, Porto, 8.4.1841 ? m. Hospital Militar, Lisboa, 26.8.1915]. Militar do Exército. Foi promovido a alferes, em 1869, e a tenente, em 1874. Em 1876, foi colocado nos Açores, no Batalhão de Caçadores 11, em Ponta Delgada. Em 1881, foi promovido a capitão da 3.ª Companhia daquele Batalhão, e em 1886, foi nomeado comandante militar, interino, do Comando Ocidental dos Açores, na Horta. Em 1887, foi colocado na 3.ª Companhia do 1.º Batalhão de Caçadores 11 de onde foi transferido, por motivo disciplinar, em 1888, para o Batalhão de Infantaria 21, em S. Miguel. Naquele ano foi promovido a major e passou, sucessivamente, ao Regimento de Caçadores 3 (Lisboa) e ao Regimento de Caçadores 12 (Funchal) (1889). Em 1890, foi colocado no Regimento de Infantaria 24. Entre 1893 e 1894, foi comandante do Distrito de Recrutamento e Reserva n.º 14 (Figueira da Foz). Promovido a tenente-coronel (1894) e a coronel (1897), passou à reforma, neste ano, como general-de-brigada (1897).
Foi Oficial da Ordem de S. Bento de Avis (1895) e Comendador da mesma Ordem (1897).
Em 1877, ensinou a ler e a escrever quando expôs e praticou o método de João de Deus, introduzindo-o no ensino da ilha de S. Miguel. Antes de o ensinar publicamente, ensaiou-o à porta fechada com os soldados do destacamento que comandava na Ribeira Grande. No ano seguinte, noutro destacamento, em Vila Franca do Campo, abriu outro curso público, nocturno e gratuito de leitura e escrita, na escola paroquial (cf. Neves, 1910).
Na Horta, na tipografia de «O Açoriano», à noite, reunia com os amigos Manuel Garcia Monteiro, com quem mais tarde se havia de cartear (Neves, 1910) e Manuel Joaquim Dias (Dias, 1928). As cartas trocadas entre ambos foram publicadas no jornal O Açoriano e reeditadas em Monteiro (1989: 21-31). Naquele jornal, em 1883-1884, publicou um conjunto de 6 textos, com o título genérico «Notas cómicas», cujo humor, em prosa, faz lembrar aquele da poesia de Garcia Monteiro.
Na secção «Folhetim» do jornal *Gazeta Açoriana de que foi fundador e redactor, publicou «Palavras e locuções usadas em São Miguel e desconhecidas em Portugal, ou por obsoletas ou por serem d?origem local» (Neves, 1883). Escreveu também uma colecção de biografias que publicou em livro com o título Individualidades (Neves, 1910).
Deixou outra colaboração dispersa por jornais do arquipélago e de Lisboa.
Foi sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa.
Luís M. Arruda
Obras: (1883), Palavras e locuções usadas em São Miguel e desconhecidas em Portugal, ou por obsoletas ou por serem d?origem local, Gazeta Açoriana, Ponta Delgada, Folhetim, n.º 5, 20 de Fevereiro e n.º 6, 28 de Fevereiro (conclusão). (1883), Notas cómicas I, O Açoriano, Horta, n.º 17, 30 de Dezembro [A conversão d?um livre-pensador] assinado N. (1884), Notas cómicas II, O Açoriano, Horta, n.º 18, 6 de Janeiro [As notas do posto-meteorológico de **]. (1884), Notas cómicas III, O Açoriano, Horta, n.º 19, 13 de Janeiro [Rewolver d?um homem de guerra]. (1884), Notas cómicas IV, O Açoriano, Horta, n.º 20, 20 de Janeiro [Noticia chronica]. (1884), Notas cómicas V, O Açoriano, Horta, n.º 21, 27 de Janeiro [Leão adormecido]. (1884), Notas cómicas VI, O Açoriano, Horta, n.º 25, 24 de Fevereiro [Nervosismo]. (1893), A cava de Viriato: noticia descriptiva e critico-historica: com um appendice a proposito dos Moinhos do pintor, subsidio para a questão da existencia de Grão-Vasco. Figueira da Foz, Imprensa Lusitana. (1897-1899), Glossário das palavras, locuções, anexins, raro conhecidos ou usados fora da região em que foram recolhidos. Revista Lusitana, 5: 215 [regista algumas espécies açorianas]. (1908), Aspectos da natureza da ilha de S. Miguel. In Baptista, A. (1908), Álbum Açoriano. Lisboa, Editores Oliveira e Baptista. (1910), Individualidades: traços caracteristicos, episodios e anedoctas authenticas de individuos que se evidenciaram. Lisboa, Parceria A. M. Pereira.
Fonte. Arquivo Histórico Militar (Lisboa), Caixa 1270.
Bibl. Dias, M. J. (1928), Um poeta açoriano ? Dr. Manuel Garcia Monteiro, Os Açores, Ponta Delgada, (2.ª série), n.º 9, Setembro. Monteiro, M. G. (1989), A trança. Horta, Centro de Estudos e Cultura da Câmara Municipal da Horta. Neves, H. (1910), Individualidades: traços caracteristicos, episodios e anedoctas authenticas de individuos que se evidenciaram. Lisboa Parceria A. M. Pereira.