Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Lacerda, D. Francisco Maria de Sousa do Prado de

[N. Chamusca, 1.1.1827 ? m. ibid., 23.12.1891] Bispo [de Angra]. Foi pároco da freguesia de S. Brás. Aos 58 anos, em 1885, foi apresentado pelo governo e confirmado por Roma, como coadjutor e futuro sucessor do bispo de Angra, D. João Maria do Amaral e Pimentel. Recebeu o título de bispo de Nilópolis, enquanto estivesse como coadjutor. A sagração episcopal tomou lugar a 4 de Abril de 1885, na Sé de Lisboa, pelo cardeal-patriarca, seguindo, de imediato, para Angra, a fim de cumprir as funções que lhe tinham sido confiadas. Entre várias provisões, contam-se a de 20 de Maio, a informar ? pela encíclica de Leão XIII ? a extensão do Jubileu do ano santo de 1885, tendo dirigido, a posteriori, uma mensagem em latim, a qual seguiu assinada pelo clero da Sé, do seminário e das paróquias da cidade de Angra. A 25 de Junho de 1889, já bispo de Angra, endereçou uma nova carta ao mesmo Pontífice, também em latim, manifestando a dor que sentia «pelos desvarios ímpios e maçónicos» do passado dia 9, com que, em Roma, fora injuriado o Santo Padre. A 22 de Julho de 1886, fazia lembrar a obrigação da homilia e do catecismo às crianças; a 25, recorda que é obrigatória a recitação do Santo Rosário, entre outras deveres que manda que sejam observados, como a Via Sacra, na Quaresma, recitar, antes da missa, os autos de Fé, Esperança e Caridade, Atrição e Contrição e as Preces Leoninas, após a Missa, vindo a 11 de Julho de 1888, a ordenar que se publique nova instrução, desta deita a explicar a diferença do culto que deve prestar-se a Deus, à Virgem e aos Santos, concluindo com outra de 8 de Setembro deste último ano, acerca da doutrina que deve dar a conhecer-se a todos os fiéis sobre o Culto do Sagrado Coração de Jesus, renovando a consagração das paróquias ao Divino Coração, tendo-se preocupado também com a regulamentação das festividades natalícias. A 8 de Novembro de 1886, chamou a atenção do clero e dos fiéis para o alastramento da seita Evangélica dos Protestantes, por toda a diocese, muito especialmente, pela ilha de S. Miguel, que reiterou a 18 de Outubro de 1888, pelo facto de se encontrarem emissários em vários pontos da diocese. A 28 de Novembro, tornou pública a bula da Santa Cruzada. No ano de 1886, publicou a sua primeira pastoral da Quaresma, que teve como assunto lembrar a obrigatoriedade da confissão, do jejum e da recepção dos Sacramentos aos fiéis. Fazendo recordar a coroação de S.S. Leão XIII, a 3 de Março, publicou uma instrução pastoral, como tributo de homenagem ao Sumo Pontífice. No Boletim Eclesiástico (VIII, 1887: 101 e 149), a 20 de Outubro, dá conta dos decretos governamentais de 2 e 9 de Janeiro de 1862, acerca dos concursos aos benefícios eclesiásticos, a fim de aqueles que os pretendam fazer tivessem perfeito conhecimento deles. A 20 de Junho de 1888, recomenda um documento do mesmo Papa, ordenando que, no último Domingo de Setembro, se celebrasse, em todas as Igrejas, uma missa especial extraordinária pelos mortos, à qual Roma anexava uma indulgência plenária pelos defuntos e concedia aos sacerdotes que a celebrassem, a indulgência própria de altar privilegiado. Tendo falecido D. João Maria Amaral e Pimentel, bispo de Angra, a 28 de Janeiro de 1889, resolveu D. Francisco do Prado Lacerda tomar posse do Bispado, em 6 de Fevereiro seguinte, passando procuração ao seu secretário Dr. José dos Reis Fisher, deão e vigário capitular, e, a 24 de Março, comunicou que nomeara vigário-geral e provisor o Dr. Ferreira de Sousa, promotor da justiça e o Dr. J. de Abreu Castelo Branco, confirmando no lugar de seu secretário particular, o Dr. Reis Fisher que aparece como secretário do Seminário, já desde Fevereiro passado. A sua primeira pastoral como bispo efectivo destinou-se a lembrar aos párocos as suas principais obrigações pastorais, saudando todos os diocesanos. Outras se seguiram. Foi ele quem, por esta época, mandou aproveitar a Irmandade de S. Pedro ad-Vincula, estabelecida na Sé, a fim de ser adaptada a Monte-pio eclesiástico. A 18 de Setembro, voltou ao continente, por motivos de saúde, tendo visitado a Chamusca. Contactou também com o Governo e, entre os vários assuntos, há a registar ter pedido a casa da Graça, para liceu, a fim de o Seminário poder ocupar todo o edifício do Convento de S. Francisco, ao que o ministro anuiu, mas que não veio nunca a concretizar-se, nem com a intervenção da rainha D. Amélia. O bispo seguiu para Roma, em cumprimento da sua visita ad sacra limina, na companhia do padre João Pereira Dâmaso. De Roma, regressou aos Açores, cumprindo uma visita às ilhas de que resultou toda uma série de censuras da sua parte, devido ao que considerava a imprensa, como uma má orientação, e da falta de educação que se notava nas famílias e nas escolas, por exemplo. De novo, sentindo-se doente, voltou ao continente e, em provisão de 9 de Junho de 1891, emite um comunicado aos diocesanos acerca da resolução tomada, nomeando governador do bispado o Dr. Fisher. A notícia da morte do bispo, chegou a Angra a 10 de Janeiro de 1982. A 11 de Abril seguinte, tomava posse, como novo bispo, D. Francisco José Ribeiro Vieira e Brito. João Silva de Sousa

Bibl. Almeida, F. (1970), História da Igreja em Portugal, nova edição preparada e dirigida por Damião Peres. Porto ? Lisboa, Livraria Civilização ? Editora, III: 494 e bibliografia cit. nota [3]. Caldeira, C. J. (1872), Vida pública do novo bispo de Angra de D. João Maria do Amaral e Pimentel. Lisboa, Typ. de Castro & Irmäo]. O Ocidente (1832), Lisboa, XV: 34. Pereira, J. A. (1950), A Diocese de Angra na História dos seus Prelados. Angra do Heroísmo, Livraria Editora Andrade, 1.ª Parte: 375-419, 431-440 e 441-462; 2.ª parte: 108-111.