Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Instituto Histórico da Ilha Terceira

Fundou-se em Angra do Heroísmo em 1942, como associação privada e por iniciativa de um grupo de cidadãos que assumiam responsabilidades pessoais no campo da cultura. Surgia integrado no novo conceito político administrativo com propósitos de regeneração que tinha por base o *Estatuto dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes, de 1940. Nesse diploma, as Juntas Gerais assumiam atribuições e competências no âmbito da cultura mas não se criavam serviços distritais nessa área e assim os institutos nasceram como criaturas executivas da política cultural do distrito. O primeiro, em 1942, foi o Instituto Histórico da Ilha Terceira logo seguido do *Instituto Cultural de Ponta Delgada e passados vários anos do Núcleo Cultural da Horta.

Surgiu esta pequena instituição liderada por Luís Ribeiro, seu primeiro presidente por mais de uma década, como uma pequena academia, com membros de número (os sócios efectivos) e membros correspondentes, além da categoria dos sócios honorários. O seu primeiro programa cultural foi essencialmente regionalista e propunha-se recolher, conservar e divulgar os usos e costumes, as formas dialectais e o património cultural das ilhas do Distrito de Angra do Heroísmo.

Os 20 sócios fundadores eram personalidades de referência da ilha Terceira de pelo menos duas gerações, uma dos finais do século XIX e a outra das primeiras décadas do século XX, com percursos e opções políticas, sociais e culturais diferentes mas todas irmanadas no interesse do engrandecimento de uma identidade açoriana. Saiam estes homens do alto funcionalismo, das profissões liberais, dos altos dignatários da Igreja e do professorado do liceu e do seminário episcopal. Foram eles, Gervásio *Lima (1876-1945), Francisco Lourenço Valadão (1889-1969), Henrique *Brás (1884-1947), João Carlos da Costa Moniz (1882-1955), Joaquim Moniz Corte Real e *Amaral (1889-1987), José *Agostinho (1888-1978), José Augusto Pereira (1885-1969), Luís da Silva Ribeiro (1882-1959), Francisco Garcia da Rosa (1893-1958), Frederico Lopes da Silva (1896-1979), Manuel Cardoso do Couto (1893-1953), Manuel de Sousa Meneses (1892-1958), Miguel Cristóvão de *Araújo (1895-1972), Ramiro Machado (1897-1945), Raimundo *Belo (1897-1958), Cândido Pamplona *Forjaz (1901-1987), Elmiro Borges da Costa Mendes (1904-1954), Francisco Coelho Maduro *Dias (1904-1986), Joaquim Esteves Lourenço (1908-1993) e Teotónio Machado Pires (1902-1987).

Numa primeira fase organizou o seu boletim (Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira) e directa ou indirectamente fundou o Museu de Angra (1948) e o Arquivo Distrital (1949) a que se veio juntar, em 1954, a *Biblioteca com a integração da Biblioteca Municipal.

Desenvolveu notáveis estudos na área da Etnografia e da História e lançou as bases de relacionamento sentimental e cultural com as comunidades emigradas, principalmente com as mais antigas do Brasil (Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Os estudos dos seus associados são ainda hoje fundamentais para a teorização da *açorianidade.

Com a morte de Luís Ribeiro assumiu a direcção uma das figuras mais marcantes da cultura açoriana, José *Agostinho, que dirigiu o Instituto entre 1955 e 1976 e a ele seguiu-se Manuel Coelho Baptista de Lima (1920-1996), já da 2.a geração de sócios, que entre 1976-1984 deu novo impulso à acção desta agremiação com tónica relevante na área da preservação e valorização do património construído, o que levou à classificação da cidade de Angra do Heroísmo na lista do Património Mundial Cultural da UNESCO, cujo processo foi conduzido pelo Instituto. Abriu, além disso, a instituição a novas colaborações nomeadamente com a recém-criada Universidade dos Açores, com a realização de colóquios internacionais nas áreas da investigação da história do Atlântico e ampliou a rede de colaboração científica com outras instituições.

Em 1985, no início do mandato do novo Presidente, Álvaro Monjardino, de uma geração ainda mais nova do que Baptista Lima, reformularam-se os estatutos e o regulamento interno para o adaptar à nova realidade autonómica de unidade regional, mas preservou-se o seu carácter privado e supletivo da acção cultural, baseado em estatuto da realidade local e regional e em trabalho voluntário dos seus membros.

Além do seu boletim, que já publicou LX volumes, o Instituto tem publicado importantes documentos nas áreas da História e da Antroplogia Cultural, com destaque para a Fenix Angrence do Padre Manuel Luís Maldonado, cronista do século XVII.

A partir de 1991 passou a funcionar no seio do Instituto o Centro UNESCO dos Açores e desde 1997 dispõe de um site na Internet (www.ihit.pt), através do qual pretende ampliar e prosseguir a sua acção cultural. J. G. Reis Leite

 

Bibl. Estatuto e regulamento interno do Instituto Histórico da Ilha Terceira (1985). Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira. Leite, J. G. R. (2005), O Instituto Histórico da Ilha Terceira. Boletim do Núcleo Cultural da Horta, 14: 45-55. «Vida do Instituto», Secção do Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira (1943-2003).