Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Costa, Inácio da (pe.)

 [N. Faial, 1603 ? m. Cantão, China, 11.5.1666] Missionário e teólogo. Entrou na Companhia de Jesus aos 14 anos (1617). Após ter leccionado retórica durante dois anos, partiu, em 1629, para a China, chegando à missão de Fó Cheu, Província de Fokién, em 1634, aí se dedicando ao estudo da língua sínica. Entre 1638 e 1640, a sua intensa missionação converteu cerca de duas mil almas; dedicou-se com particular afecto à orientação espiritual das milícias cristãs. Muitos destes soldados, destacados para províncias recém-formadas, foram focos de novas cristandades. Em 1643, na cidade de Si-ngan Fou, tomada pela força pelo rebelde Li Tse-tch?eng, foi preso. Apresentou-se como homem do Ocidente, que ali vinha pregar a lei de um único Deus, Criador e Salvador, o que convenceu o chefe militar, que o libertou por respeito. Permaneceu naquela cidade possivelmente até ter sido nomeado para o cargo de Vice-Provincial da China (1658-1666). Residia na Província de Fokién em 1664, tendo sido de novo preso, no mês de Setembro do ano seguinte, na missão de Yên Pin, da mesma Província. Conduzido a Pequim na companhia de outros irmãos, entre os quais se contava o Pe. António de Gouveia, o celebrado autor de Asia Extrema, foi com eles presente ao Li Pú ou Tribunal dos Ritos, sob a acusação formal de a pregação dos jesuítas afrontar as tradições religiosas chinesas e de serem os padres um risco para a sociedade e a segurança do império. Lida a sentença, foi exilado para o Cantão, onde acabaria por falecer. Deixou trabalhos manuscritos de teor apologético, redigidos em chinês, e traduziu para latim Kung Fu-tse (Confúcio), edição surgida em 1662, que foi o primeiro trabalho europeu sobre o corpus confucionista. Manuel Cândido Pimentel (2002)

Obras. Manuscritas [os cinco primeiros títulos na ordem em que aparecem em C. Sommervogel (1841) e L. Pfister (1932)]: Yuen jan k?oei-i [De peccato originali et Incarnatione (Do pecado original e da Encarnação)], 2 vols. [existe um exemplar na Bibliothèque Nationale de France]. Chen heou pien [De vita futura (Da vida futura)], 2 vols. Lao-jen miao tch?ou [De senectude (Da Velhice)], 1 vol. Kiao yao [Declaratio symboli (Explicação do símbolo)], 1 vol. De Sanctissima Trinitate [Da Santíssima Trindade], 2 vols. [L. Pfister (1932: p. 220) indica não ter visto nenhum exemplar]. Annua da vice-província do Norte da China, do anno de 1647 [manuscrito da Biblioteca de la Real Academia de la Historia (Madrid): Jesuítas, Leg. 21 bis, ff. 809-831 v.] Impressas: (1662), Sapientia Sinica, Kien Cham in urbe Sinarum, Provinciae Kiam Si, 122 ff. [litografado; inclui os 4 livros originais de Confúcio; obra muito rara, existe um exemplar na Bibliothèque Nationale de France].

 

Bibl. Araújo, H. P. (2000), Os Jesuítas no Império da China: O Primeiro Século (1582-1680). s.l. [Lisboa], Instituto Português do Oriente: 161-417 [referências dispersas entre estas pp.]. (1686), Catalogus patrum Societatis Jesu, qui post obitum S. Francisci Xaverii primo saeculo. sive ab anno 1581. usque ad 1681 In Imperio Sinarium Jesu-Christi fidem propagarunt. Paris, Ex Typographia R. J. B. de la Caille: 26. Machado, D. B. (1741), Bibliotheca Lusitana: Historica, Critica, e Cronologica: Na qual se comprehende a noticia dos Authores Portuguezes, e das Obras, que compuserão desde o tempo da promulgação da Ley da Graça até o tempo prezente. Lisboa, Antonio Isidoro da Fonseca, II: 535. Pfister, L. (1932), Notices Biographiques et Bibliographiques sur les Jésuites de l'Ancienne Mission de Chine. Chang-Hai, Imprimerie de La Mission Catholique: 218-220. Sommervogel, C. (1841), Bibliothèque de la Compagnie de Jésus, Bruxelles-Paris: Oscar Schepens: Alphonse Picard, nouvelle édition, II, col. 1506.