Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Sartorius, George Rose

[N. Bombaim, 9.8.1790 ? m. Londres, 17.4.1885] Oficial da Marinha britânica com o posto de capitão-de-mar-e-guerra ter-se-á distinguido na Batalha de Trafalgar. O seu primeiro contacto com a realidade portuguesa terá ocorrido quando permaneceu no Tejo, em 1828, no comando da fragata britânica Pyreno, dando refúgio a portugueses perseguidos pela facção de D. Miguel. O seu envolvimento na causa de D. Pedro e de sua filha D. Maria, surge na altura em que Palmela preparava uma esquadra para repor a ordem constitucional. Sartorius oferece os seus serviços para comandar a expedição que se vai concentrar em Belle-Isle com destino à ilha Terceira, nos Açores, constituída em bastião da causa liberal. A esquadra formada pelos navios Rainha de Portugal, D. Maria II, Amélia, Ilha Terceira e dois navios auxiliares, parte para a Terceira a 10 de Fevereiro de 1832. Sartorius permanecerá nos Açores durante os preparativos da expedição reunindo tropas recrutadas no Faial, Terceira e S. Miguel, sendo a primeira daquelas ilhas de particular valia como estaleiro de construção das embarcações para o desembarque no Mindelo. Na longa estadia de D. Pedro, Sartorius e a oficialidade britânica que formava o séquito imperial conjuntamente com figuras gradas da nobreza empenhadas no sucesso da causa liberal, alternaram a sua actividade militar com visitas a algumas das ilhas, animando a insípida vida social insular. Sartorius, nas suas deambulações pelas ilhas, não deixou de revelar os seus dotes artísticos fixando em expressivas gravuras algumas das espécies iconográficas mais divulgadas na época e a que a obra do seu secretário, capitão Boid, em cuidada descrição do arquipélago, editada em 1832, deu larga divulgação. As festas e alegres digressões pelos montes e vales da ilha do Faial, na companhia das filhas do cônsul Dabney, mereceram colorida narrativa em descrições em que avulta o diário íntimo de Emmeline Dabney.

George Sartorius, com o comando da esquadra e elevado ao posto de vice-almirante por D. Pedro, igualmente pródigo para com os demais oficiais ingleses da esquadra, não foi feliz nas campanhas militares que realizou, registando o primeiro desaire logo na tentativa gorada de ocupar a Madeira. Após o decisivo ?desembarque dos bravos do Mindelo? a 9 de Julho, acção essencial da campanha pela liberdade, as outras missões que empreendeu saldaram-se por breves escaramuças como sucedeu em Cascais ou em combates sem consequência e inconclusivos como em Vigo. É na decorrência destes falhanços, e numa situação em que Sartorius estaria fragilizado devido a manifestações de insubordinação de oficiais a bordo do navio D. Maria II e, posteriormente, com a deserção de marinheiros, que D. Pedro lhe retira o comando a 13 de Março de 1833, assumindo os destinos da causa de D. Maria, outro oficial britânico, Charles *Napier, ao qual D. Pedro confia a sorte da campanha militar que haveria de sair vitoriosa em 1834.

Apesar do insucesso, George Sartorius seria feito Conde da Piedade em 1836, visconde do Mindelo em 1845 e conde da Penha Firme em 1853. Ricardo Manuel Madruga da Costa

Bibl. Boid, Captain (1834), A description of the Azores or Western islands. From personal observation. Comprising remarks on their peculiarities, topographical, Geological, Statistical, etc., and on their hitherto neglected condition. London, Bull and Churton. Dabney, R. L. (compil.) [1899], Annals of the Dabney family in Fayal. [Boston], ed. for private circulation. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (s.d.). Lisboa, Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia Limitada, XX: 985. Serrão, J. (dir) (1984), Dicionário de História de Portugal. Porto, Livraria Figueirinhas, V: 498-499.