[N. Flamengos, ilha do Faial, 24.5.1924] Sacerdote.
Antes de entrar no Seminário de Angra em 1938 onde se ordenou no ano de 1949, completou os estudos primários na ilha do Faial.
Manifestando desde sempre um forte pendor para o desenvolvimento da actividade intelectual e cívica, distinguindo-se no plano de iniciativas de significativo impacto na vida sócio-cultural da ilha do Faial, o Padre Júlio da Rosa, devido ao zelo e empenho associados ao seu magistério sacerdotal como coadjutor e, actualmente, como pároco da freguesia de Nossa Senhora das Angústias, tem marcado fortemente o seu tempo e a comunidade paroquial que sob a sua acção pastoral, cresceu na fé e também progrediu e prosperou. Como apoio à divulgação e dinamização da vida pastoral, fundou em 1959 o boletim paroquial A Vida. Na estruturação da paróquia fundou diversas associações e movimentos: os Vicentinos em 1960; o Grupo Coral em 1956; a Cozinha Paroquial em 1966 e ainda uma Escola Paroquial cujo alcance pedagógico e social foi assinalável. Ainda nesta linha de empenho numa dinâmica social voltada para a paróquia, deu início em Setembro de 2004 ao Centro Social da Paróquia, englobando as componentes de ATL e de Centro de Dia para idosos. No plano pedagógico assegurou funções de docente no Liceu Nacional da Horta.
Desempenhou as funções de Comissário da Ordem Terceira de S. Francisco entre 1963 e 1993 e de Comissário da Ordem Terceira do Carmo entre 1973 e 2005.
O seu interesse pelas actividades culturais manifestou-se desde os tempos de seminarista e em 1946 colaborava nas páginas do jornal diocesano A União.
Já na ilha do Faial, colaborou de forma activa na realização de iniciativas de relevância social e cultural. Assim, em 1955, é co-fundador do Núcleo Cultural da Horta de que veio a ser vice-presidente e presidente entre os anos de 1968 a 1988. Por sua iniciativa, no ano de 1990, nasce na ilha do Faial a Academia Mariana dos Açores.
Desde 1955, acompanhando o surto de criação de instituições de índole cultural no arquipélago, associou o seu nome ao Instituto Açoriano de Cultura, também como fundador, ao Instituto Histórico da Ilha Terceira, Instituto Cultural de Ponta Delgada e Sociedade Afonso Chaves. Na decorrência da sua relação com as instituições acima referidas, tem participado em diversos congressos e colóquios, apresentando comunicações cuja publicação se encontra dispersa pelas respectivas actas. Orador sacro e conferencista de amplos recursos, prefaciou obras diversas.
Reunindo vasto repositório de peças de arte sacra dispersas por diversos templos da ilha do Faial, abriu ao público na cidade da Horta, em 1965, o Museu de Arte Sacra. Após a institucionalização do regime autonómico, por convite que lhe foi formulado pela Secretaria Regional da Educação e Cultura, ocupou as funções de Director do Museu da Horta fundado em 1977. Em resultado da sua iniciativa, por despacho publicado no Diário da República IIª Série, n.º 208 de 7 de Setembro de 2001 do Ministério da Administração Interna, foi reconhecida a Fundação Mater Dei a que preside.
Como reconhecimento pela sua activa participação nas comemorações do Centenário da Morte do Infante D. Henrique, em 1960, foi-lhe concedida a comenda da Ordem do Infante D. Henrique, seguindo-se, em 1994, a atribuição da comenda da Ordem de Mérito pelo seu empenho cívico e pela projecção social da sua obra.
Pela Santa Sé, devido ao reconhecimento da sua obra ao serviço da pastoral diocesana, foi-lhe outorgado em 2006 o título de Monsenhor. Ricardo M. Madruga da Costa
Obra. (1956), A família Garret na ilha do Faial. Boletim do Núcleo Cultural da Horta, Horta, 1 (1): 46-79. (1959), Assunção de Nossa Senhora na Tradição Açoriana. Ponta Delgada, Insulana. (1965), A consciência de comunidade na vida e história do povo açoriano. Horta, III Semana de Estudos dos Açores. (1969), Em louvor do V Centenário do Povoamento da ilha do Faial ? 1468-69 e 1868-69. Horta, Ed. Correio da Horta. (1976), O culto eucarístico na iniciação do povoamento das ilhas do Atlântico e suas constantes no Arquipélago dos Açores. Angra do Heroísmo, União. (1976), Nossa Senhora das Angústia Senhora Povoadora, Padroeira da ilha do Faial. Angra do Heroísmo, União. (1985), Nossa Senhora das Angústias na Ermidinha de Santa Cruz ? Paróquia na ilha, 1468. Freguesia na vila e cidade da Horta, 1684-1984. Lisboa, Ed. Oficinas Ramos, Afonso e Moita, L.da. (1989), Visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima ao Faial, 1989. Horta, Ed. O Telégrafo. (1989), A Cidade da Horta ? Cinquenta anos da sua vida cultural, religiosa e artística nas décadas de 40 a 80. Vol. 1, Horta, Serafim Silva Artes Gráficas. (2005), Ribeira Funda, Povo sem História ? com tradição, habitat, religião, arte e cultura. Horta, Ed. da Fundação «Mater Dei». (2006), Nossa Senhora das Angústias. Senhora Povoadora. Padroeira da Ilha do Faial. Ed. bilingue, East Providence, Ed. António Andrade.
Bibl. Escobar, M. F. (1998), Sacerdotes Faialenses. New Bedford, edição do autor.
Adenda
[(…) – m. Horta, 13.05.2015]. Ranu Costa (2022)