Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Ribeiro, Augusto de Lemos Álvares Portugal

[N. Angra do Heroísmo, 16.5.1853 ? m. Lisboa, 20.8.1913] Escritor e jornalista. Nascido no seio de uma família liberal, empenhou-se ao longo da vida na defesa dos valores constitucionais e numa luta constante contra o clero mais conservador. Pela publicação de Os lazaristas nos Açores, foi excomungado pelo bispo da diocese. Ainda no Liceu de Angra revelou as suas capacidades intelectuais, colaborando numa publicação literária denominada O Lyceu (1873) e fundando a folha liberal A Ideia Nova, em 1876. Partiu para Lisboa, em 1878, onde fundou com o conde de Melício o Comércio de Portugal e empregou-se na Direcção Geral do Ultramar. De 1886 a 1890, foi secretário dos ministros da Marinha e do Ultramar. Na legislatura de 1887 a 1890 exerceu funções de deputado pela província de Angola, tendo resignado como forma de protesto contra o ultimato. Tornou-se um especialista em assuntos coloniais, defendo de forma intransigente o império nos seus artigos. Colaborou na Revolução de Setembro, Correspondência de Portugal, País, Progresso, Diário Popular, Diário de Notícias, com uma crónica semanal sobre as colónias, entre 1903-1907 e na Revista Portuguesa Colonial e Marítima (1901-1908). Monárquico convicto isolou-se e abandonou a actividade política após a morte trágica de D. Carlos, desvinculando-se do Partido Progressista. Contudo, continuou a interessar-se pelas colónias, nomeadamente a defesa dos agricultores de S. Tomé. Profundo conhecedor da administração colonial, foi nomeado professor da Escola Superior Colonial, de 1906 a 1913. Paralelamente dedicou-se à investigação histórica e muitos dos seus artigos foram transcritos na imprensa estrangeira. Enveredou também pela crítica literária e teatral, sobre alguns escritores seus contemporâneos. Usou com alguma frequência o pseudónimo de Ruy Álvares. Era sócio honorário da Sociedade de Geografia de Londres, do Instituto Internacional Colonial de Bruxelas, da Academia Indo-Chinesa e da Sociedade de Estudos Coloniais de Paris, entre outros. Em Portugal era sócio efectivo da Sociedade de Geografia de Lisboa, do Instituto de Coimbra e da Associação de Arquitectos e Arqueólogos Portugueses. Era Comendador das Ordens da Conceição de Portugal, Legião de Honra, Leopoldo da Bélgica, Gustavo Wasa da Suécia e de Carlos III e Isabel-a-Católica de Espanha. Carlos Enes

Obras principais. (1874), Progredior!. Ponta Delgada, Empreza Typographica dos Açores. (1874), O ultramontanismo e a liberdade: duas palavras aos jesuitas. Lisboa, Imprensa de Joaquim Germano de Sousa Neves. (1876), Os lazaristas nos Açores. Lisboa, Tip. Universal. (1876), Eu e elle (carta ao bispo de Angra). Angra do Heroísmo, Tip. Insulana. (1901), Pró memória: a visita de suas majestades El-Rei o senhor D. Carlos e a Rainha D. Amélia à ilha Terceira. Lisboa, ed. A Liberal.

 

Bibl. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (s.d.). Lisboa-Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia Limitada, XXV: 578-579. Lisboa, E. (coord.) (1990), Dicionário Cronológico de Autores Portugueses. Mem Martins, Publicações Europa-América, II: 359-60. Ribeiro, C. (1943), Augusto Ribeiro. Lisboa, Agência Geral das Colónias.