Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Pizarro, Joaquim de Sousa Quevedo (visconde de Bobeda)

[N. Bobeda, 2.11.1777 ? m. Chaves, 23.4.1838] Era fidalgo da Casa Real por sucessão (alvará de 10 de Dezembro de 1792). Alistou-se como voluntário no Regimento de Cavalaria de Chaves em 1791 e depois passou a servir no Corpo da Armada e coordenou os estudos matemáticos na Real Academia da Marinha. Foi sucessivamente promovido a guarda-marinha, em 1794; 2.º tenente, em 1796; 1.º tenente, em 1799; capitão-tenente, em 1813; capitão de fragata, graduado por distinção, em 1817; coronel efectivo, em 1818 e reformado no posto de brigadeiro, em 1827.

Tomou parte na campanha do Mediterrâneo e na expedição a Tripoli. Serviu no Brasil, em 1816 em Santa Catarina e em Montevideu comandou, em Santa Catarina, a Marinha, a capitania do Porto e a Inspecção do Arsenal até 1818, quando passou para o Exército, coronel adido ao Estado-Maior do Brasil. Foi governador das armas da província do Espírito Santo e ajudante de armas do capitão-general do Maranhão.

Aderiu à revolta liberal do Porto, em 1828 e foi ele o comandante da Leal Divisão do Porto na sua retirada para a Galiza, depois da derrota liberal. Emigrou para a Inglaterra e em 1829 fez parte da expedição do general Saldanha que tentou atingir a Terceira e que foi impedida de aí desembarcar pelo bloqueio inglês. Regressou a França e daí atingiu finalmente Angra a 19 de Maio de 1831.

Com todo o seu prestígio foi nomeado pela Regência a 2 de Julho de 1831 Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Guerra e da Marinha e exonerado a 3 de Março de 1832 e foi membro da Junta Consultiva (decreto de 3 de Junho de 1831) para substituir o Conselho de Estado.

Desembarcou no Mindelo com o Exército Libertador e em 5 de Agosto de 1832 voltou ao activo sendo nomeado governador das armas da província de Trás-os-Montes, até 27 de Maio de 1834. Comandou ainda, em 5 de Setembro de 1837, a 5.ª Divisão Militar, com quartel-general em Chaves, onde morreu.

Na política seguiu a facção da esquerda liberal, apoiando a revolução de Setembro tendo sido nomeado ministro da Guerra e interino da Marinha e Ultramar (1 de Julho de 1837 a 30 de Outubro de 1837) no governo de António Dias de Oliveira. Durante este governo deu-se a revolta dos marechais à qual fez frente.

Foi deputado eleito pela província de Trás-os-Montes para a legislatura de 1834-1836 e para a de 1837-1838, esta constituinte.

Recebeu a mercê de conselheiro, Cavaleiro das Ordens Militares de Avis e Torre e Espada e foi agraciado com o título de visconde de Bobeda por D. Maria II (decreto de 28 de Setembro de 1835). J. G. Reis Leite

Fonte. Arquivo Histórico Militar (Lisboa), cx. 248.

 

Bibl. Mónica, M. F. (coord.) (2006), Dicionário Biográfico Parlamentar (1834-1910). Lisboa, Assembleia da República, III: 360-362. Nobreza de Portugal (1960). Lisboa, Editorial Enciclopédia, II: 422. Supico, F. M. (1995), Escavações. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada, I: 11.