[N. Fazenda, Lajes das Flores, 15.7.1901 ? m. Horta, 15.4.1981] Médico e político no regime do Estado Novo. Licenciado em Medicina pela Universidade de Lisboa, em 1929, foi facultativo municipal e médico do Hospital da Santa Casa da Misericórdia da Horta (Telégrafo (O), 1963; Trigueiro, 2004). Era tido como possuidor de «raras qualidades de modéstia e benevolência, especialmente com os pobres, com os fracos, os humildes, tornando-se por isso prestigioso e simpático aos olhos do povo» (Telégrafo (O), 1936).
Após ter militado na oposição à Ditadura Militar e ao regime do Estado Novo, quer em Lisboa quer no Faial, onde fixou residência em 1930, aderiu ao salazarismo em 7 de Agosto de 1935, aceitando ser governador civil, substituto. A 28 de Novembro de 1945 foi nomeado presidente da Câmara Municipal da Horta, cargo que exerceu até 30 de Junho de 1953, quando foi empossado como governador civil da Horta. Desempenhou este cargo até ser eleito deputado à Assembleia Nacional, pelo distrito da Horta, em Outubro de 1973 (Trigueiro, 2004). Em 1946, foi representante dos municípios açorianos à Câmara Corporativa (Telégrafo (O), 1946b).
No concelho da Horta, o seu nome ficou ligado à elevação do Liceu a central (1957); à reconstrução da zona afectada pelo vulcão dos Capelinhos (1957); à construção da muralha de defesa da cidade e Avenida Marginal (1965); à instalação da Central Hidroeléctrica do Varadouro (1965); à construção do Aeroporto da Horta (1971) e à criação da Escola Técnica (1972) (Câmara Municipal da Horta, Vereações, Liv. 107: fls. 20-21v).
A sua liderança durante a erupção dos Capelinhos granjeou-lhe a simpatia das mais diversas correntes de opinião na ilha do Faial e fora dela (cf. Telégrafo (O), 1959). Foi também no seguimento de diligências suas que, por proposta de alguns senadores, o «Pastore-Kennedy-Walter Act of 1958» foi aprovado e o governo dos Estados Unidos da América concedeu facilidades, excepcionais, ao acolhimento de sinistrados faialenses. Posteriormente, o governo português tentou orientar este fluxo migratório para projectos de colonização em Angola (Cela) e em Moçambique (Limpopo), mas com pouco sucesso.
Em 9 de Fevereiro de 1955, a Câmara Municipal da Horta concedeu-lhe a Medalha de Ouro da Cidade (Câmara Municipal da Horta, Actas, 97: fl. 40-40v) e, em 4 de Abril de 1973, nomeou-o Cidadão Honorário do Concelho da Horta (Câmara Municipal da Horta, Livro de Actas, 107: fls. 20-21v). Também o nomearam cidadão honorário a cidade de Augusta, Maine (Estados Unidos da América.) (Telégrafo (O), 1967b) e o concelho de Santa Cruz das Flores (Correio da Horta, 1972). Era Grande Oficial da Ordem Militar de Cristo (1958), Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1962) e Oficial da Ordem Militar de Torre e Espada (1973), um reconhecimento pela sua acção durante a erupção dos Capelinhos (Lobão, 2002; Trigueiro, 2004). O Comandante-Geral da Legião Portuguesa atribuiu-lhe a Medalha de Dedicação (ouro) (1967) (Telégrafo (O), 1967a).
A rua que corre lateralmente à casa onde viveu teve o seu nome até Outubro de 1974, quando passou a ser chamada Professor Egas Moniz. Em 23 de Agosto de 2001 a Câmara Municipal da Horta decidiu repor o nome Dr. Freitas Pimentel (Câmara Municipal da Horta, Livro de Actas, 2001: 200). Luís M. Arruda
Bibl. Correio da Horta (1972), Horta, n.º 12.126, 17 de Novembro, O governador Dr. Freitas Pimentel, cidadão honorário do Concelho de Santa Cruz. Lobão, C. (2002), O ano do vulcão: 1957 ? 1958. Horta, Clube de Filatelia «O Ilhéu». Telégrafo (O) (1946b), Horta, n.º 13.907, 6 de Março, Dr. Freitas Pimentel [representante dos municípios açorianos à Câmara Corporativa]. Telégrafo (O) (1959), Horta, n.º 17.890, 15 de Julho, Dr. Freitas Pimentel [sobre o aniversário, releva acção durante o vulcão]. Telégrafo (O) (1963), Horta, n.º 19.125, 11 de Agosto, Notas de reportagem; A homenagem da ilha das Flores ao Governador Freitas Pimentel. Telégrafo (O) (1967a), Horta, n.º 20.277, 3 de Junho, O Comando Distrital da L. P. e as comemorações do «28 de Maio», [notícia de que o Comandante-Geral da Legião Portuguesa atribuiu a Medalha de Dedicação (ouro) a António de Freitas Pimentel]. Telégrafo (O) (1967b), Horta, n.º 20.247, 25 de Abril, O governador Freitas Pimentel nomeado cidadão honorário da cidade de Augusta, Maine, [notícia de que foi considerado cidadão honorário da cidade de Augusta, Maine (EUA)]. Trigueiro, J. A. A. (2004), Florentinos que se distinguiram. Lajes das Flores, Câmara Municipal das Lajes das Flores.