Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Pereira, Joaquim Bento (barão do Rio Zêzere)

[N. Setúbal, 7.8.1798 ? m. Lisboa, 9.12.1875] Assentou praça no 1.º Regimento de Infantaria da Divisão de Voluntários Reais, em 27 de Junho de 1816. Foi sucessivamente promovido a alferes, em 1818; tenente, em 1827; capitão, em 1832; major, em 1842; tenente-coronel, por distinção, em 1847; coronel, em 1850; brigadeiro, em 1851 e general de brigada por extinção do posto de brigadeiro em 4 de Julho de 1864; e general de divisão, em 1872.

Jovem cadete embarcou para Montevideu e fez a campanha do Rio da Prata (1818-1824). Já em Portugal aderiu à revolta liberal do Porto, emigrou para Inglaterra, com a derrota destes e daí alcançou a Terceira (14 de Fevereiro de 1829), onde comandou a 2.ª divisão do corpo de sapadores (4 de Junho a 9 de Outubro de 1831) e foi integrado no Batalhão de Caçadores 3, comandando a 1.ª companhia de 1 de Outubro a 14 de Dezembro de 1831. Desembarcou no Mindelo, com o Exército Libertador, em Infantaria 10 como comandante da 1.ª companhia. Distinguiu-se no cerco do Porto e na guerra civil até à batalha de Asseiceira, em que participou. Recebeu a Ordem da Torre e da Espada, no grau de oficial.

Fiel companheiro político do duque de Saldanha, acompanhou este nas suas variadas e contraditórias aventuras o que lhe valeu altos e baixos na carreira militar. No movimento da Regeneração, em 1851, cobriu-se de glória no momento difícil de uma retirada no rio Zêzere, que lhe valeu a mercê de Barão do Rio Zêzere concedida por D. Maria II (decreto de 2 de Junho de 1851).

Como brigadeiro comandou a Divisão do Algarve (1856) e foi nomeado para comandar a 10.ª Divisão nos Açores, 6 de Junho de 1860 (Ordem do Exército n.º 23), mas acabou por não tomar posse do cargo por ter sido encarregado de inspeccionar os corpos de Infantaria e fazer parte da organização da mesma arma o que o demorou na capital até ser exonerado daquele comando por decreto de 25 de Julho de 1860. Voltou a ser nomeado comandante da 10.ª Divisão, por decreto de 3 de Junho de 1866, com posse a 11 de Julho de 1866, em Angra do Heroísmo, apesar das diligências que fez para se esquivar deste comando que considerava uma vingança política. Foi exonerado por decreto de 12 de Novembro de 1868.

Mas desde Maio que se achava ausente em Lisboa e a divisão comandada interinamente pelo comandante da subdivisão da Horta, coronel José Maria *Gomes. Tudo isto nas vésperas da reorganização do Exército que extinguiu a 10.ª Divisão e a substituiu pela 5.ª Divisão (decreto de 4 de Novembro de 1868). Os comandos açorianos continuavam a ser vistos como penalizações.

Foi então encarregado de inspeccionar várias unidades da arma de Infantaria. Esteve preso na fortaleza de S. Julião (1869) por ter apoiado mais uma vez Saldanha no seu último golpe político. Foi por fim nomeado comandante da Divisão do Porto, mas não ocupou o lugar, por ter sido escolhido para comandante-geral das guardas municipais.

Foi eleito para várias legislaturas entre 1842 e 1871 para a Câmara dos Deputados, mas teve uma vida parlamentar apagada. Foi nomeado Par do Reino, em 1874, tomando posse no ano da sua morte.

Além da Torre e Espada, de que foi grã-cruz, recebeu a grã-cruz da Ordem de Avis, as comendas de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e de Isabel a Católica, de Espanha e outras estrangeiras. Possuía a medalha das campanhas da liberdade, n.º 9. J. G. Reis Leite

Fonte. Arquivo Histórico Militar (Lisboa), cx. 843.

 

Bibl. Nobreza de Portugal (1961). Lisboa, Editorial Enciclopédia, III: 235-237. Mónica, M. F. (coord.) (2006), Dicionário Biográfico Parlamentar (1834-1910). Lisboa, Assembleia da República, III: 231-232.