[N. Angra do Heroísmo, 4.1.1871 ? m. Lisboa, 13.11.1957] Botânico e Professor universitário. No liceu da sua cidade natal iniciou os seus estudos secundários que viria a terminar em Santarém (1887-1888) depois de ter estado matriculado no Instituto Industrial e Comercial, em Lisboa. Concluiu um curso na Faculdade de Filosofia Natural de Coimbra (1893) e foi professor do ensino secundário em Santarém (1896-1900) e Lisboa (1900-1926). Foi reitor do Liceu Camões, director da Escola Normal Superior e da Faculdade de Farmácia de Lisboa, de que pediu dispensa para concluir uma licenciatura nesta Faculdade.
A sua entrada para o ensino superior data de 1904, quando foi admitido na Escola Politécnica de Lisboa, atingindo o limite de idade como catedrático de Botânica e director do Jardim Botânico da Faculdade de Ciências de Lisboa, onde já havia desempenhado funções de secretário (1904-1927) e de director da Biblioteca (1929-1936) (cf. Tavares, 1957-1958).
Explorou todo o país em busca de novas espécies ou exemplares botânicos dedicando atenção especial à flora dos Açores onde esteve em 1937 ou para onde dirigiu os seus colaboradores. Com o auxílio do naturalista Luís Sobrinho, percorreu todas as ilhas, excepto o Corvo; da ilha das Flores percorreu apenas a distância entre a vila de Santa Cruz e a vila das Lajes, com passagem pelas caldeiras (Cabral, 2003: 348).
Foi homenageado por diversos botânicos que usaram o seu apelido para epítetos específicos ou varietais e integrou várias associações científicas em Portugal e no estrangeiro.
A lista das suas publicações inclui 58 títulos, em parte dedicados à história das Ciências Naturais. Postumamente, foi publicado Catálogo das plantas vasculares dos Açores, com texto revisto e preparado por A. R. Pinto da Silva. Luís M. Arruda
Obras que interessam aos Açores: (1940), Flora açoriana. In Livro do primeiro congresso açoriano que se reunio em Lisboa de 8 a 15 de maio de 1938. Lisboa, Casa dos Açores: 130-133. (1941), Contribuições para o conhecimento da Flora dos Açores. I. Plantas vasculares da ilha Terceira. In-memoriam do Prof. D. António Xavier Pereira Coutinho: 163-226 [em colaboração com A. Gonçalves da Cunha e L. Gonçalves Sobrinho] Açoreana, 4, 1: 1-77. (1942), Algumas considerações sôbre a distribuição e a ecologia do Arceuthobium Oxycedri (DC.) Marsch.-Bieb. Açoreana, 3, 1: 1-5. (1942), Continuidade e independencia dos vasos lenhosos em plantas de Hortênsia. Boletim da Sociedade Broteriana, (2), 16: 145-148. (1943), Pteridófitos do Arquipélago dos Açores. Ibidem, (2), 17: 215-219. (1944), Explorações botânicas nos Açores. Ibidem, (2), 21: 37-52. (1944), Plantas vasculares da ilha Graciosa (Açores). Açoreana, 3, 3: 163-188 [Brotéria, (Ciências Naturais), 13 (40), 4: 159-189]. (1946), Jardins e jardineiros de Ponta Delgada. Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, (64), 3-4: 131-137. (1950), Subsídios para o conhecimento da Flora Açoreana. Plantas vasculares. Açoreana, 4, 4: 367-376. (1950), Nota preliminar sobre a distribuição geográfica da flora dos Açores. Memórias da Academia das Ciências de Lisboa (Classe Ciências), 6: 259-276. (1952), Plantas exóticas existentes nos Açores. Açoreana, 5, 1: 1-9. (1953), Nomes populares de plantas nos Açores. O Instituto (Coimbra), 115: 74-101. (1956), Acerca de uma Lysimachia açorense. Boletim da Sociedade Broteriana, (2), 30: 71-80. (1966), Catálogo das plantas vasculares dos Açores. Lisboa, Sociedade de Estudos Açorianos Afonso Chaves.
Bibl. Cabral, J. M. Á. (2003), Importância dos estudos de ciências naturais nos Açores e papel que nos mesmos podem desempenhar as bibliotecas e museus existentes no arquipélago, principalmente o de Carlos Machado, em Ponta Delgada. Insulana, 59: 337-362. Tavares, C. N. (1957-1958), Necrologia, Prof. Dr. Ruy Telles Palhinha. Naturália, 7: 260-261.