Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Noronha, António Homem da Costa

[N. Porto, 3.8.1787 ? m. Angra do Heroísmo, 13.7.1868] Nasceu no Porto mas o pai, oficial do 2.º regimento dessa cidade, era filho segundo de uma das famílias da nobreza angrense e ele próprio fidalgo cavaleiro da Casa Real por alvará de 20 de Setembro de 1797. Seguiu a carreira das armas, alistando-se como soldado do Regimento de Infantaria n.º 10, em 1802, e sendo promovido a cadete, em 1803. A 1 de Junho de 1807 passou para o Batalhão de Artilharia de Angra e nele foi promovido a 2.º tenente, em 1812; 1.º tenente, em 1818; capitão, em 1828 (por portaria do governo interino). Integrado no Exército Libertador foi sucessivamente promovido a capitão para o 1.º Batalhão de Artilharia, em 1831; major, em 1834 e tenente-coronel, em 1845; coronel, em 1851 sendo reformado em brigadeiro nesse mesmo ano.

Frequentou a Academia Militar da Ilha Terceira, onde completou os quatro anos de matemática e artilharia.

Trabalhou com João Carlos *Figueiredo nos trabalhos da fortificação e defesa da ilha Terceira nos anos de 1818-1819 e devido às suas aptidões foi nomeado para coadjuvar a Comissão de Cartas Militares e Topográficas das Ilhas dos Açores e para a elaboração de mapas estatísticos (7 de Setembro de 1821 a 4 de Agosto de 1823), entre eles sobre os conventos da Terceira. Trabalhou nas cartas de S. Miguel e Faial, que deixou completas e deixou trabalhos preparatórios para a Terceira. Quando a referida Comissão foi mandada regressar a Lisboa (1823) Costa Noronha ofereceu-se para, sem gratificação, completar a carta do Faial o que realmente fez entre Junho e Agosto de 1823. Em 1825, de Março a Junho, fez o levantamento da carta de S. Jorge. Dirigiu também o laboratório de artilharia do Castelo de S. João Baptista, sob o comando de João Carlos Figueiredo.

Empenhado na causa liberal desde cedo, chegou a ser preso, em 1821. Aderiu à revolta dos Caçadores 5 em Angra, a 22 de Junho de 1828, que estabeleceu a Carta Constitucional, assumindo o comando do batalhão de artilharia de Angra até Fevereiro de 1829, sendo promovido a capitão pelo governo interino revolucionário.

Na organização do Exército Libertador (11 de Outubro de 1831) passou para o Batalhão de Artilharia, mas não acompanhou a expedição tendo sido mandado ficar na Terceira como comandante da artilharia da guarnição dos Açores (Maio de 1832 a Fevereiro de 1835). Nesta última data foi encarregado do comando militar da Praia e em 1840 do comando do material de artilharia da 10.ª Divisão Militar. Entre 1 de Outubro de 1842 e Novembro de 1843 comandou a subdivisão militar da Horta para nessa data passar a comandar o arsenal do Exército em Lisboa, no posto de major. Em 10 de Agosto de 1845 foi mandado inspeccionar as baterias da artilharia e o material dos diferentes pontos fortificados da 10.ª Divisão, regressando então aos Açores.

Por decreto de 17 de Outubro de 1846 (Ordem do Exército n.º 57) foi nomeado governador do Castelo de S. João Baptista. Aderiu à revolta militar em Angra, em Abril de 1847, e apoiou a Junta Governativa que então se formou. Com a assinatura da Convenção de Granido, que pôs fim à guerra civil da Patuleia, pela qual se deviam dissolver as Juntas, comandou a 1 de Agosto a contra-revolução em Angra e apoiou o restabelecimento das autoridades que a revolta anterior havia destituído. Passou à disponibilidade em Outubro de 1847 e foi reformado a 3 de Junho de 1851 (Ordem do Exército n.º 6) no posto de brigadeiro adido ao Castelo de Santa Cruz da Horta.

É dele que fala em termos elogiosos Roxana Dabney na sua obra. J. G. Reis Leite

Obras impressas. (1847), Documentos da correspondência entre o governador do Castelo de S. João Baptista da cidade de Angra e as autoridades, desde o primeiro do corrente Agosto em que a guarnição do mencionado castelo restabeleceu o legítimo governo de Sua Majestade a Rainha e Senhora D. Maria 2.ª até 18 de Agosto. Angra do Heroísmo, Imp. do Governo. (1847), Documentos. Continuação da correspondência, etc.. Angra do Heroísmo, Imp. do Governo. (1847), Briosa guarnição do invicto Castelo de S. João Baptista de Angra do Heroísmo. Proclamação do governador Noronha assinada a 7 de Agosto de 1847. Angra do Heroísmo, Imp. do Governo. (1847), Ofício ao Ilustríssimo Senhor Nicolau Anastácio de Bettencourt com data de 5 de Agosto de 1847. Angra do Heroísmo, Imp. dDo Governo. (1847), Ofício ao Ilustríssimo Senhor Nicolau Anastácio de Bettencourt com data de 7 e 8 de Agosto de 1847. Angra do Heroísmo, Imp. do Governo. (1847), Ofício ao Ilustríssimo Senhor Joaquim Zeferino de Sequeira com data de 5 de Agosto de 1847. Angra do Heroísmo, Imp. do Governo. (1857), Informação dos extintos conventos da ilha Terceira no ano de 1827. In Catholico Terceirense, Angra do Heroísmo: 60-68.

 

Fonte. Arquivo Histórico Militar (Lisboa), cx. 792.

 

Bibl. Canto, E. (1890), Biblioteca Açoreana. Ponta Delgada, Typ. Archivo dos Açores, I: 24. Dabney, R. (2005), Anais da família Dabney no Faial. Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura, II: 450. Drumond, F. F. (1981), Anais da Ilha Terceira. 2.ª ed., Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura, IV: 115, 120, 126, 168, 345. Soares, E. C. C. A [Carcavelos] (1944), Nobiliário da Ilha Terceira. 2.ª ed., Porto, Liv. Fernando Machado, II: 193.