Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Nordeste (freguesia)

Geografia

Freguesia sede de concelho do Nordeste, situada na extremidade da ilha de São Miguel (Nordeste). É limitada a norte pela freguesia da Lomba da Fazenda, a sul pela freguesia de Água Retorta, a oeste pela freguesia de Nossa Senhora dos Remédios (concelho da Povoação) e a este pelo Oceano Atlântico. Apresenta uma configuração quase triangular, com cerca de 21,6 Km2, o que corresponde a 21 % da superfície concelhia.

A freguesia tem uma topografia bastante acidentada, caracterizada pelo vigor orográfico, com declives muito acentuados no sentido oeste-este (Figura 1). Do ponto de vista geológico, o território reparte-se pelos Complexos Vulcânicos da Povoação e Nordeste, os mais antigos da ilha, pelo que a erosão é um traço dominante. A altitude máxima (932 m) é registada no Vértice Geodésico do Pico Verde, situado na encosta da Serra da Tronqueira. A linha de costa, com cerca de 7 Km, apresenta-se alta e com traçado linear sobressaindo, no entanto, as Pontas do Arnel e do Marques. A rede hidrográfica é muito complexa e marca a paisagem, nomeadamente a Ribeira do Guilherme, a maior linha de água permanente de São Miguel que corre num um vale profundo e aberto.

Relativamente à conservação da natureza, a freguesia está abrangida pela Rede Natura 2000 ? Zona de Protecção Especial (ZPE) Pico da Vara/Ribeira do Guilherme. A paisagem é dos maiores atractivos turísticos da freguesia, pelos excelentes pontos de vista obtidos dos Miradouros da Ponta do Sossego, da Ponta da Madrugada, da Tronqueira e do Pico Bartolomeu.

Quanto à ocupação humana, salienta-se que a vila do Nordeste é uma das mais antigas dos Açores. A área habitada tem uma dimensão modesta, sendo uma freguesia essencialmente coberta por uma densa vegetação. O povoamento é aglomerado-linear, seguindo o traçado das vias de comunicação e extremamente influenciado pela morfologia insinuante do território. Devido à longa distância aos principais centros urbanos e às dificuldades de acessibilidade, o Nordeste esteve sempre associado à ideia de isolamento. A agro-pecuária, o comércio tradicional, a indústria da construção civil, o artesanato, os serviços e agora o turismo são as principais actividades económicas locais. Em 1900 a população residente ascendia aos 4.000 habitantes, valores que se mantiveram até 1920, data a partir da qual se patenteou um decréscimo muito acentuado, para cerca de metade dos efectivos, que estabilizou nas três décadas seguintes. A partir de 1960 verifica-se novamente uma diminuição acentuada da população, que se prolonga até 1991, ano em que foram contabilizados 1.318 habitantes (Figura 2). O XIV Recenseamento Geral da População de 2001 (INE, 2002) revelou uma evolução positiva, ainda que pouco expressiva, tendo-se registado 1.383 habitantes, o que corresponde a uma densidade populacional de 64,1 hab/Km2.

A freguesia encontra-se servida por diversas infra-estruturas e equipamentos. Em termos arquitectónicos, é de realçar a Ponte dos Sete Arcos, edificada em 1883. Constitui um dos maiores símbolos da freguesia e uma das mais belas e maiores pontes da ilha, apresentando traços de uma arquitectura romântica. Salienta-se, também, o Farol do Arnel, na ponta com o mesmo nome, que assenta numa torre octogonal.

João Mora Porteiro

Bibl. Instituto Nacional de Estatística (2002), XIV Recenseamento Geral da População. Lisboa, Instituto Nacional de Estatística.