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Napier, Charles (Sir)

[N. Marchintown Hall, 6.3.1786 ? m. ?, 6.11.1860] Almirante nas armadas inglesa e portuguesa. Entre 1847 e 1849 comandou a frota do Canal e, por ocasião da Guerra da Crimeia (1853-56), foi nomeado comandante da frota do Báltico, cargo em que o seu desempenho foi posto em causa em virtude de recusa no ataque à base de Kronshtadt.

Teve um primeiro contacto com a realidade portuguesa no ano de 1810, tendo servido sob o comando de Wellington. O seu envolvimento nos acontecimentos da história portuguesa ocorre em associação com as lutas entre liberais e miguelistas, após o afastamento do Almirante Sartorius, comandante da esquadra liberal desde a sua formação no arquipélago dos Açores. Ao serviço de D. Maria II desde 1 de Junho de 1833, Napier comandou a esquadra liberal e a ele, entre outros êxitos militares, se deve a vitória na batalha naval do Cabo de S. Vicente (5 de Julho de 1833). Esta vitória valeu-lhe a concessão do título de visconde de S. Vicente, sendo-lhe concedida igualmente a Torre e Espada. Após a Convenção de Évora-Monte em 1834, assinalando o fim da guerra civil, Napier foi nomeado almirante honorário da armada portuguesa. Regressou à marinha britânica em 1836.

O seu nome surge ligado ao arquipélago dos Açores pelo facto de ter vindo a estas ilhas em 1831 com a finalidade de assegurar a defesa dos interesses ingleses no arquipélago. Começa por vir a Lisboa no comando da Galatea para diligenciar a restituição de navios britânicos apresados no bloqueio miguelista às ilhas açorianas, prosseguindo mais tarde para Ponta Delgada já no período em que Vila-Flor se dirige para o Pico, S. Jorge e Faial no sentido de impor a causa liberal. Na Terceira é recebido por Palmela que se encontra à frente da regência, seguindo depois para o Faial. No regresso a Inglaterra escreve um trabalho no United Service Journal, de 1832, no qual confessa as suas simpatias liberais e no qual propõe um plano para executar com êxito uma campanha contra as forças miguelistas. É este plano e a intervenção de Palmela, em visita a Inglaterra em 1832, que estarão na origem do convite a Napier para aceitar o comando das forças liberais o que, de facto, vem a acontecer em 1833.

Ricardo M. Madruga da Costa

Obra (com interesse para os Açores): (1841), Guerra da Sucessão em Portugal. Pelo Almirante Carlos Napier, Londres. [Trad. de Manuel Joaquim Pedro Codina, Lisboa, Typographia Commercial].

 

Bibl. Augé, C. (1897), Nouveau Larousse Illustré. Dictionnaire Universel Encyclopédique. Paris, Librairie Larousse, vol. 6. Bruce, A.; Cogar, W. (dir.) (1998), An Encyclopedia of Naval History. Chicago; London, Fitzroy Dearborn. Graça, M. Q. (2001), Napier (Sir Charles), Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa; Rio de Janeiro, Edição Enciclopédia, Limitada, XVIII: 385-388. New Encyclopaedia Britannica (The). Micropaedia (1977). 15.ª ed., Chicago; London, Encyclopaedia Britannica Inc., 7: 187. Serrão, J. (dir.) (1985), Dicionário de História de Portugal. Porto, Livraria Figueirinhas, 4.