Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Dias, Manuel Henrique

[N. Cais do Pico, 3.7.1867 ? m. ibidem, 2.5.1902] Poeta e prosador. Modesto, mas não tanto que deixasse de reconhecer a sua grande inteligência. O trabalho no cartório pouco lhe rendia, e isso foi o seu maior desgosto, porque se tornava pesado à sua família (Greaves, 1902a). Serviu a política e acreditou uns instantes nela, já não era digno de qualquer miséria burocrática, que lhe garantisse o sustento e tornasse menos escura a travessia da existência (Greaves, 1902b).

Com Domingos Machado Soares, fundou o jornal *Pico, com primeira edição em 17 de Maio de 1885 e onde está publicada alguma da sua poesia. Foi redactor principal e proprietário de O *Independente, aparecido em S. Roque, em 28 de Fevereiro de 1886.

Em 1889, publicou o seu primeiro e único livro de versos ? Harpejos, impresso em Lisboa. Esta brochura revelou um poeta sentimental e ardente. No prólogo, escreveu: «Principiei a fazer versos aos quinze anos, sem instrução literária, sem conhecimento das regras de arte, sem leitura quase, sem nada, enfim, que pudesse auxiliar-me.»

Para Greaves, que considera a obra de Dias superior à de Ernesto Rebelo, mas menos conhecida, Harpejos tem excelentes páginas, mas a sua obra principal veio depois, quando o seu espírito se amadureceu na luta, se amoldou à realidade. Foi o excelente trabalho poético que ele espalhou pelo jornalismo faialense e picoense, com reflexos na imprensa de outras terras. Foi a bonita colecção de pensamentos (crítica e arte) que temos lido com gosto e que leremos com saudade (Greaves, 1902b).

Para Carvalho (1979, 1: 178), são poemas de acento pessimista, de um subjectivismo que chega a ser, por vezes, intensamente dramático: amores frustrados, preconceitos sociais, amargas desilusões... Refugiou-se na poesia.

Dias suicidou-se no mar, no sítio da Furna, próximo do Cais do Pico. «As últimas palavras do suicida» foram publicadas em O Telegrapho (Greaves, 1902c), jornal que também publicou, postumamente, o seu inédito «Coisas e Loisas» (Dias, 1902).  Luís M. Arruda (Nov.2006)

Obra: (1889), Harpejos. Lisboa?, s.e..

 

Bibl. Ávila, E. (1993), Figuras & Factos; Notas históricas. Lajes do Pico, Câmara Municipal das Lajes do Pico e Associação de Defesa do Património da ilha do Pico. Carvalho, R. G. (1979), Antologia poética dos Açores. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura. Dias, M. (1902), Coisas e Loisas. O Telégrafo, Horta, n.º 2.530, 6 de Maio. Greaves, M. (1902a), Henrique Dias. I - O Homem. Ibidem, Horta, n.º 2.529, 5 de Maio. Id. (1902b), Henrique Dias. II ? O Intelectual. Ibidem, Horta, n.º 2.531, 7 de Maio. Id. (1902c), Henrique Dias. As últimas palavras do suicida. Ibidem, Horta, n.º 2.536, 14 de Maio e n.º 2.537, 15 de Maio.