[N. Seara, Ponte de Lima, 18.10.1868 ? m. Lisboa, 14.4.1952] Assentou praça como voluntário do Regimento de Infantaria em 1888 e foi sucessivamente promovido a alferes, em 1893; tenente, em 1898; capitão, em 1905; major, em 1913; tenente-coronel, em 1917; coronel, em 1919, sendo reformado em 1937.
Exerceu interinamente o cargo de inspector da polícia do Porto, em 1899, e foi ajudante de campo do comandante da 3.ª Divisão Militar. Uma parte significativa da sua carreira foi feita no Ultramar, primeiro em Angola, em 1904, onde foi capitão-mor dos Ambudelas e Ganguelas além de defensor oficioso junto do conselho de guerra territorial da província de Angola e promotor de justiça, depois em Timor, sendo director da alfândega de Dili (1913) e comandante da coluna na operação de Okussi. Foi governador interino da província de Timor. Como coronel comandou o Regimento de Infantaria 21 e foi 2.º comandante da 3.ª Região Militar. Por fim presidiu ao primeiro Tribunal Militar Territorial de Lisboa.
Foi um defensor acérrimo da Ditadura Militar (1926). Por decreto de 23 de Abril de 1931 foi nomeado para proceder a um rigoroso inquérito aos actos ocorridos nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, a conhecida revolta democrática contra a Ditadura que ocorrera em Abril passado. A sua acção levou a uma organização de processos e relatórios que contribuíram para que o governo levasse a cabo a repressão. Foi muito crítico para as autoridades civis e militares que culpabilizou pelo acontecido.
Publicou uma memória que é uma fonte imprescindível para compreender uma época e no respeitante à revolta de 1931 uma fonte privilegiada para o seu estudo.
Era condecorado com a medalha militar de ouro de comportamento exemplar, oficial da Ordem de Santiago de Espada (1910), grande oficial da Ordem de Avis (1926) e grande oficial da Ordem do Império Colonial (1935). J. G. Reis Leite (Set.2006)
Obras. (1947), As minhas memórias. Porto, Progredior, 2 vols..
Fonte. Arquivo Histórico Militar (Lisboa), cx. 2966.