Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Maia, Bernardo do Canto Machado Faria e

[N. Ponta Delgada, 21.6.1797 ? m. ibid., 13.6.1841] De uma família da fidalguia micaelense seguiu a carreira eclesiástica e formou-se em Cânones na Universidade de Coimbra em 1820. Quando D. Pedro IV passou da Terceira para S. Miguel antes de embarcar com o Exército Libertador, Mouzinho da Silveira continuou em Ponta Delgada as suas reformas e entre elas a eclesiástica, criando uma comissão de eclesiásticos adeptos das ideias liberais e regalistas. Por aviso de 23 de Abril de 1832 foram nomeados os membros da comissão, entre eles o Dr. Bernardo Faria e Maia. Esta comissão preparou o decreto de 17 de Maio de 1832 que reformou a estrutura eclesiástica nos Açores e no seu capítulo V criou os priorados como nova maneira de organizar a hierarquia eclesiástica. Foi aplicado somente em S. Miguel por ter sido em 1839 reformulado por manifestamente conter intromissão anticanónica do poder civil em jurisdição espiritual. Mas foi nomeado prior de S. Sebastião de Ponta Delgada, o lugar mais categorizado e bem pago da nova reforma, o Dr. Bernardo Faria e Maia.

Por decreto de 30 de Maio de 1832 foi o Dr. Bernardo Faria e Maia nomeado governador temporal e visitador-geral do bispado de Angra em substituição do Dr. Cunha *Ferraz, tornando-se assim no 2.º «governador interino» como a Santa Sé os havia de vir a denominar. Em 20 de Junho o regente insinuava ao cabido a nomeação do Dr. Faria e Maia como vigário capitular, o que realmente aconteceu. O novo governador e vigário capitular em 29 de Novembro de 1832 faz a sua primeira pastoral, que é um importante documento com orientações para as relações com o poder político instituído. Terminou o seu governo em 27 de Junho de 1833, com a nomeação do novo governador, Januário Vicente *Camacho.

Nas primeiras eleições para deputados, depois da vitória militar dos liberais, realizadas em 1834, foi o Dr. Bernardo Faria e Maia eleito deputado pela Província Oriental dos Açores, para a I legislatura (1834-1836).

Quando em 1840 o bispo D. Frei Estêvão veio para os Açores nomeou-o governador do bispado.

Foi iniciado na Maçonaria, em 1836, na Loja União Açoriana de Ponta Delgada, com o nome simbólico de Franklin e era na política de inspiração cartista. J. G. Reis Leite

Obra. (1832), Pastoral dada em Ponta Delgada a 29 de Novembro de 1832. Chronica dos Açores, Ponta Delgada, 20.

 

Bibl. Canto, E. (1890), Bibliotheca Açoriana. Ponta Delgada, Typ. de Eugénio Pacheco, II: 33. Maia, F. A. M. F. (1994), Novas Páginas da História Micaelense (1832-1895). Ponta Delgada, Jornal de Cultura: 177-181. Marques, A. H. O. (1997), História da Maçonaria em Portugal. Lisboa, Editorial Presença, III: 376. Pereira, J. A. (1958), Os Priorados na Ilha de S. Miguel. Insulana, XIV (1.º semestre): 125-137. Id. (1950), A Diocese de Angra na História dos seus Prelados. Angra do Heroísmo, Liv. Ed. Andrade, I: 293-298. Supico, F. M (1995), Escavações. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada, II: 703.