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Corte-Real, Manuel Ignácio Martins Pamplona

[N. Angra, 3.6.1760 ? m. Elvas, 16.10.1832] Figura de militar e político da maior proeminência nacional, a sua biografia é sobejamente conhecida, interessando aqui principalmente as suas ligações à história açoriana.

Saiu cedo da Terceira e estudou no Colégio de Mafra, sendo bacharel em Matemática pela Universidade de Coimbra. Foi cadete no Regimento de Cavalaria e alferes em 1788, iniciando a sua acção como voluntário ou mercenário ao serviço de potências estrangeiras, servindo na Rússia e na Inglaterra. Voltou a Portugal e combateu nas campanhas do Rossilhão e comandou várias unidades. Em 1806 era brigadeiro. Durante a invasão de Junot, organizou o regimento de cavalaria da Legião Lusitana, que colaborou nas campanhas napoleónicas. Veio com Massena e governou militarmente Coimbra e por isso foi considerado traidor. Acompanhou Napoleão à Rússia e serviu Luís XVIII.

Com a revolução de 1820, foi reabilitado e amnistiado. Era um liberal moderado, foi eleito deputado pela Terceira à Constituinte de 1821, nomeado Ministro da Guerra (24 de Setembro a 15 de Outubro de 1821) do gabinete constitucional de D. João VI, de quem era valido. Após a Vilafrancada foi ministro assistente do rei, mas devido à desconfiança da Inglaterra foi demitido em 1824. Foi então nomeado embaixador em Madrid, cargo que ocupou de 1825 a 1827. Regressou a Portugal, mas apanhado pelo golpe de D. Miguel, em 1828, foi preso, morrendo no forte de Elvas.

Foi gentil-homem da câmara de D. João VI, conselheiro de Estado, Grã-Cruz de Torre e Espada e recebeu muitas outras condecorações. Foi barão de Pamplona, em França, por mercê de Luís XVIII e conde de Subserra, por decreto de 2 de Agosto de 1823, de D. João VI.

Nunca deixou de estar ligado à ilha Terceira, onde administrou os vínculos da sua família, como morgado. Aqui esteve em inspecção militar em 1806 e quando foi ministro assistente do despacho de D. João VI que revogou a lei das Cortes (1823) que dividia os Açores em três governos, restabelecendo a capitania-geral. Enviou Stockler como capitão-general pela segunda vez, para acalmar os ânimos exaltados em Angra, governada por governo interino realista, escolheu um outro capitão-general de sua confiança para continuar a obra de reorganização da capitania, Manuel Vieira Tovar *Albuquerque, em 1824 e destacou, ainda, o batalhão de Caçadores 5, como suporte da autoridade.

 Como atrás se disse, foi eleito deputado pela Terceira à Constituinte de 1821, defendendo em Cortes a manutenção de um governo geral para os Açores. J. G. Reis Leite (Mar.2001)

Obras. (1975), Castas Inéditas do Conde de Subserra (1818-1825). Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, 29-33: 169-215. (1981), Memórias Particulares. Ibid., 39: 157-241.

 

Bibl. Azevedo, R. A. (1981), O Conde de Subserra. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, XXXIX (39): 5-247. Id. (1991), Resenha das Famílias Titulares do Reino de Portugal. 2.ª ed., Braga, Ed. Carvalho de Basto: 229