Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Clarke, Robert Henry

[N. Londres, Inglaterra, 6.3.1919] M.A. (Oxford), Dr. Filos. (Oslo). Oceanógrafo Britânico.

Frequentou a «St. Olave?s and St. Saviour?s Grammar School», naquela cidade, de 1932 a 1938. De 1938 a 1940 e, mais tarde, de 1946 a 1947, foi «First Open Scholar» em Ciências Naturais no New College, em Oxford.

De 1940 a 1946 serviu na Marinha Britânica. Foi Tenente (Sp.) R. N. V. R. no Departamento de Bombas Não Explodidas do Almirantado, navegando em diversos oceanos. Serviu mais tarde na Direcção de Investigação e Desenvolvimento do Almirantado, na Índia, tendo conduzido operações especiais neste país, na Birmânia (actual Myanmar) e no Ceilão (actual Sri Lanka).

Fez carreira científica nas «Discovery Investigations», no Instituto Nacional de Oceanografia Britânico, na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e em universidades mexicanas da Baixa Califórnia e Iucatão. Conduziu expedições oceanográficas em todos os oceanos e mares do planeta, à excepção do Mar Cáspio e Mar Morto. Foi autor ou co-autor de mais de 100 documentos de investigação, muitos dos quais do tamanho de livros.

Trabalhou nos Açores em várias ocasiões: em 1949 estudou a biologia do cachalote, examinando carcaças na plataforma de Porto Pim, no Faial, e saiu à baleia por duas vezes com os baleeiros do Capelo, na mesma ilha, tendo na altura produzido o filme cinematográfico em 16mm Open Boat Whaling in the Azores, actualmente disponível em VHS e DVD; em 1954 visitou os Açores e a Madeira na qualidade de consultor técnico-científico de John Huston para a realização do filme Moby Dick; em 1955 protagonizou, na Terceira e com a colaboração da Força Aérea Portuguesa, a primeira tentativa bem sucedida de marcação de baleias a partir de um helicóptero; ainda nesse ano, examinou mais carcaças de cachalote em Porto Pim e extraiu de uma delas uma lula gigante do género Architeuthis, com 184 kg, tida como a maior jamais encontrada; em 1968 produziu o documentário Barbed Water para a Holt Mallison Films, com a colaboração dos baleeiros do Faial e do Pico; em 2003 voltou aos Açores, a convite de Fernando Faria da Silva, tradutor da sua obra Open Boat Whaling in the Azores, adiante referida.

Vive actualmente nos arredores de Pisco, no Peru, com a esposa Obla Paliza de Clarke, bióloga marinha também especializada em cachalotes. Ambos se dedicam, a título gracioso e a bem da Humanidade, à estruturação e análise da imensidão de dados recolhidos ao longo de toda uma vida dedicada às baleias e à sua conservação. Fernando Silva (2006)

Obras. Das suas publicações sobre os Açores destacam-se as seguintes:

(1949), A Dead Whale or a Stove Boat. In Listener, 42: 993-994. (1953), Sperm Whaling from Open Boats in the Azores. In Norsk Hvalfangsttid, 42, pp. 375-385 (reeditado em 1955 na Zoo Life, 10: 47-55. (1954), Open Boat Whaling in the Azores - The History and Present Methods of a Relic Industry. Discovery Report, 26: 281-354 (traduzido para Português em 2001, por Fernando Faria da Silva, sob o título Baleação em Botes de Boca Aberta nos Mares dos Açores - História e Métodos Actuais de uma Indústria-Relíquia). (1955), A Giant Squid Swallowed by a Sperm Whale. In Norsk Hvalfangsttid, 44: 589-593. (1956), Sperm Whales of the Azores. Discovery Report, 28: 237-298. (1956), Marking Whales from a Helicopter. In Norsk Hvalfangsttid, 45: 311-318. (1956), A Biologia dos Cachalotes Capturados nos Açores. In Notas e Estudos do Instituto de Biologia Marítima, 10: 1-11. (1957), La Baleinière des Açores. In Neptunia, 46: 16-21. (1968), Hunting Whales from Open Boats in the Azores. In The Whale (editado por L. Harrison Matthews - George Allen & Unwin Ltd., Londres): 146-152. (1981), Whales and Dolphins of the Azores and Their Exploitation. In Report of the International Whaling Commission, 31: 607-615.