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Monteiro, Manuel Garcia

 [N. Horta, 29.6.1859 ? m. Boston, 7.2.1913] Poeta. Terminados os estudos no Liceu da Horta, impedido de continuar devido a dificuldades financeiras, foi funcionário público e também jornalista, pelo menos como redactor do semanário satírico O Passatempo (1874). O desejo de continuar a estudar na Escola Politécnica e a obtenção de um lugar de prefeito num colégio em Lisboa, fê-lo seguir para esta cidade, em 1882, onde se relacionou com intelectuais, entre os quais Fialho de Almeida que escreveu a seu respeito: «um açoriano dos mais vivos e um dos mais delicados espíritos que temos conhecido» (cf. Lima, 1943: 567).

Algum tempo depois regressou à Horta, onde se fez tipógrafo e montou O *Açoriano (1883) impresso no primeiro prelo rotativo que houve na Horta, um Marinoni.

Em Junho de 1884, partiu para os Estados Unidos da América. Foi convidado a redigir um novo periódico de língua portuguesa (Luso-Americano) mas, tendo realizado a inviabilidade daquele projecto, foi tipógrafo do Boston-Herald. Trabalhando de noite e estudando de dia, formou-se em Medicina, na Escola Superior de Baltimore (1895), actividade que exerceu em East Boston e em Cambridge. Aqui, entre a colónia açoriana, também desenvolveu grande actividade na propaganda dos ideais republicanos. Com João Francisco Escobar, fundou uma organização maçónica de que foi venerável. Colaborou no jornal *Açores ? América, editado em Cambridge por Eugénio Vaz Pacheco do *Canto e Castro.

Começou a publicar poesia, em 1874, no jornal O Faialense. Para Lima (1943: 567), os seus poemas são quadros realistas de costumes e ideias do meio e da época. Silveira (1977: 169), considera-o lírico, mas bem melhor satírico ou humorista, um dos mais destacados parnasianos de língua portuguesa, incontestavelmente o primeiro na literatura açoriana. Dispersa pelos jornais, ficou obra vasta que ultrapassa o publicado em livro, como cronista (a partir de 1886, publicou «Cartas da América» na Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro), como comediógrafo (deixou inéditas duas comédias) e como contista. Luís M. Arruda

Obras. (1882), O Marquês de Pombal. Lisboa, Ed. do autor [com o pseudónimo Álvaro Newton.]. (1884), Versos. Horta, Tip. Gutemberg. (1896), Rimas de Ironia Alegre. Boston, Ed. do autor.

Inéditos: Sem cerimónia (peça representada no Teatro Faialense a 29 de Abril de 1880 e 5 de Maio de 1881), e Um presente de anos.

 

Bibl. A. do V. (1959), No 1.º centenário do nascimento do poeta faialense Garcia Monteiro. O Telégrafo, Horta, n.º 17.882, 5 de Julho. Câmara, C. (1913), Dr. M. Garcia Monteiro. O Telégrapho. Horta, n.º 5.695, 14 de Março. Dr. Garcia Monteiro (1911), O Telégrafo, Horta, n.º 5.185, 14 de Junho. Dr. Manuel G. Monteiro (1910), O Telégrafo, Horta, n.º 5.025, 22 de Novembro. Dr. Manuel Garcia Monteiro (1957), Correio da Horta, Horta, n.º 7.502, 24 de Julho. Ferreira, E. (1910), Dr. Monteiro. O Telégrafo, Horta, n.º 5.026, 23 de Novembro. Goulart, O. (1931), Garcia Monteiro. Correio da Horta, Horta, n.º 27, 7 de Fevereiro. Lima, M. (1931), Garcia Monteiro. Correio da Horta, Horta, n.º 27, 7 de Fevereiro. Id. (1943), Anais do Município da Horta. Vila Nova de Famalicão, Oficinas Gráficas Minerva. Silveira, P. (1977), Antologia de Poesia Açoriana do século XVIII a 1975. Lisboa, Sá da Costa. Simplício, J. C. V. (1956), Esboço evocativo duma personalidade açoriana. Garcia Monteiro ? um notável poeta faialense. O Telégrafo, Horta, n.º 16.833, 12 de Janeiro. Terra, F. (1931), Garcia Monteiro. Correio da Horta, Horta, n.º 27, 7 de Fevereiro.