Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Mesquita, Manuel de

 [N. Santa Cruz da Graciosa, 17.1.1879 ? m. Angra do Heroísmo, 22.3.1944] Alistou-se como voluntário no Regimento n.º 4 de Cavalaria do Imperador da Alemanha Guilherme II, em 28 de Março de 1897. Fez o curso de Infantaria da Escola do Exército em 1903. Foi sucessivamente promovido a alferes, 1904; tenente, em 1908; capitão, em 1915; major, em 1919, e tenente-coronel, em 1932. Passou à inactividade em 1932; à reserva em 1936 e à reforma em 1938.

Fez grande parte da sua carreira militar nos Açores, nomeadamente nos Regimentos de Infantaria n.º 25 e 22, em Angra do Heroísmo, no comando do Batalhão 47, na Horta, no comando da Bateria de Metralhadores, no Castelo de Angra e como adjunto do Comando Militar dos Açores, mas não se pode dizer que tenha tido uma carreira brilhante.

Paralelamente exerceu vários cargos políticos, primeiro como administrador do concelho de Angra do Heroísmo, em seguida à implantação da República (1910) e como comissário da polícia da mesma cidade. Foi governador civil do Distrito de Angra do Heroísmo, por duas vezes, a primeira entre 26 de Dezembro de 1923 e 29 de Junho de 1924, durante o governo do capitão Álvaro de Castro, sendo ministro do interior o coronel Alfredo Sá Cardoso. A segunda, já na Ditadura Militar, entre 19 de Fevereiro de 1928 e 9 de Junho de 1931. Este seu segundo mandato parecia correr bem, pois foi louvado a 30 de Junho de 1928 (ordem do Exército n.º 8, 2.ª s.) pelo governo «pela sua acção decisiva, honesta e inteligente e pela maneira como tem conduzido os negócios do Distrito por forma a integrar o País no espírito da Ditadura Militar e ainda pela acção decisiva que se evidenciou proeminentemente nas eleições realizadas a 25 de Março de 1928», mas não demonstrou o mesmo espírito quando se deu a revolta contra a ditadura em Angra do Heroísmo em Abril de 1931 onde se mostrou de acção frouxa, o que lhe valeu fortes críticas. Contudo, o processo de averiguações foi mandado arquivar sem qualquer procedimento em Setembro de 1931.

Em 27 de Novembro de 1931 foi colocado como 2.º comandante do Batalhão Independente de Infantaria 23, que substituíra em Angra o extinto Regimento 22, na sequência da revolta democrática e a sua acção foi mesmo louvada, à frente dessa unidade, mas não evitou que passasse à inactividade em 1932.

Era condecorado com a medalha de prata de comportamento exemplar (1912) e ouro (1928) e comendador da Ordem de Cristo (1929).

Foi também professor provisório de liceu em 1913 e 1915. J. G. Reis Leite

Fontes. Arquivo Histórico Militar (Lisboa), cx. 2.658.

 

Bibl. Reis, C. (1990), A revolta da Madeira e Açores (1931). Lisboa, Livros Horizonte.