[N. Cabo da Praia, ilha Terceira, 3.4.1890 ? m. Angra do Heroísmo, 30.3.1958] Estudou no liceu de Angra do Heroísmo e no de Ponta Delgada e formou-se em Medicina. Seguiu a carreira de médico militar. Serviu na I Guerra Mundial, primeiro em Angola (1915-1916) e depois integrado no Corpo Expedicionário Português (CEP), em França (1917-1918). Foi ferido em combate e por equívoco dos serviços de identificação dado como morto. Acabada a guerra foi colocado no Regimento de Infantaria 22, sediado no castelo de S. João Baptista em Angra. Em 1937 dirigiu o Hospital Militar de Évora e em 1938, promovido a tenente-coronel, dirigiu o Depósito de Material Sanitário, em Lisboa. Foi também inspector do Serviço de Saúde da 3.a Região Militar (Tomar).
Em 1941, passou à reserva e regressou à Terceira, mas voltou ao activo em 1943 durante a deslocação de tropas para a defesa dos Açores, como chefe de Serviço de Saúde do Comando Militar da Terceira e do Comando Militar dos Açores. Foi por fim director do Hospital Militar, na Terra Chã, até 1948.
Teve também uma carreira política como apoiante da Ditadura Militar e do Estado Novo. Entre 1928-1931 presidiu à Comissão Administrativa da Junta Geral do Distrito de Angra do Heroísmo e voltou a presidir à Junta Geral, entre 1949 e 1953. Foi eleito, cumulativamente, deputado para a V legislatura (1949-1953) e finalmente foi governador civil do seu distrito (1953-1956).
Foi ainda escritor e historiador, sendo um dos sócios fundadores do Instituto Histórico da Ilha Terceira, em 1942. Como escritor deixou um interessante livro de viagens por Espanha intitulado Em moeda fraca. Dos Açores às exposições de Sevilha e Barcelona e como historiador deixou uma obra vasta de boa investigação e muito característica da escola regionalista inspirada no nacionalismo do Estado Novo. Os seus estudos sobre o povoamento dos Açores (1947 e 1949) são um bom exemplo do seu pensamento e interpretação da história açoriana à luz do portuguesismo e o seu estudo sobre o Hospital da Boa Nova, outro bom exemplo do método e investigação histórica.
Foi agraciado com o grau de oficial das Ordens de Cristo e de Santiago da Espada, comendador da Ordem de Avis e as medalhas comemorativas das campanhas no Sul de Angola (1914-1915) e em França (1917-1918), medalha da Vitória, de comportamento exemplar (prata) e mérito militar de 2.a classe. J. G. Reis Leite
Obras principais. (1931), Em moeda fraca. Dos Açores às exposições de Sevilha e Barcelona. Angra do Heroísmo, Ed. Andrade. (1932), O Hospital da Boa Nova. Notas históricas. Angra do Heroísmo, Ed. Andrade. (1946), A peste na ilha Terceira em 1599. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, IV: 1-29. (1947), O Problema da descoberta e povoamento dos Açores e em especial a ilha Terceira. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, V: 11-118. (1949), Revisão do problema da descoberta e povoamento dos Açores. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, VII: 1-226. (1952), Os casais açorianos no povoamento de Santa Catarina. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, X: 40-104.
Bibl. Merelim, P. (1982), Freguesias da Praia. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura, I: 137-139. Ornelas, C. (1931), O açoreano na Grande Guerra. Lisboa, Ed. Revista Insular de Turismo: 76.