Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Mendonça, Rui de

 [N. Santa Cruz, Graciosa, 27.4.1896 ? m. Velas, S. Jorge, 30.1.1958] Terminada a instrução primária na sua terra natal, fixou-se na ilha Terceira onde viria a concluir os estudos liceais. Não lhe sendo possível prosseguir estudos universitários, enveredou pelo Magistério Primário que concluiu na cidade da Horta, ilha do Faial. Durante largos anos dedicou-se ao ensino que acumulou com a carreira de advogado provisionário. A sua paixão pelo mar levou-o a explorar uma armação baleeira que, nas Velas, constituiu importante pólo de actividade social e económica.

Republicano convicto, desenvolveu actividade política, batendo-se sempre pelos valores da liberdade e da democracia. Em 1931 foi Delegado da Junta Revolucionária na ilha de S. Jorge, o que lhe valeu a perseguição pelo regime saído do governo de 1928. Fracassada a tentativa de derrubar a ditadura de Salazar, através de um golpe que abortaria antes da hora marcada, Rui de Mendonça é exonerado do cargo de professor primário e preso na ilha do Faial. Posteriormente foi engrossar as fileiras dos que conheceram o cativeiro no Castelo de S. João Baptista, na ilha Terceira.

Muito jovem ainda, começou a versejar segundo os moldes clássicos e escreveu peças de teatro, uma das quais publicada: A Flor da Serra (1916). Destacou-se como poeta romântico-parnasiano. As suas poesias, dispersas por jornais e revistas, foram postumamente reunidas num volume com o título geral de Poemas (1969). Os seus versos, sinceros e sentidos, denotam influência de Guerra Junqueiro e Antero de Quental, e são atravessados por um romantismo espontâneo e por um sentimentalismo marcadamente insular.

Dedicou-se ao jornalismo, sustentando polémicas e discutindo problemas locais e regionais, bem como questões de ordem cultural e pedagógica. Usou o pseudónimo de Jayme Velho.

No dia 9 de Junho de 1989, foi condecorado, a título póstumo, com o Grau Oficial da Ordem da Liberdade pelo então Presidente da República, Mário Soares. Victor Rui Dores

Obras. (1916), A Flor da Serra. Angra do Heroísmo, Tipografia Andrade. (1969), Poemas. Angra do Heroísmo, Sociedade Terceirense de Publicidade Limitada.