Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Loureiro, Alexandre Gamboa

[N. Lisboa, 26.8.1770 ? m. ?, ?] Filho do Dr. Agostinho José Loureiro, também formado em Direito, e de D. Maria Luísa Coutinho Gâmboa, matriculou-se na Universidade de Coimbra em 1785, sendo bacharel em Direito, em 1791 e formado no ano seguinte. Em 1793 ingressou na leitura de bacharéis e teve a sua primeira nomeação na magistratura como juiz-de-fora da ilha de Santa Maria, que exerceu de 8 de Outubro de 1794 a 12 de Setembro de 1800. Foi nomeado para o mesmo cargo em Vila Franca do Campo, a 16 de Agosto de 1803 e em Angra, que exerceu de 6 de Setembro de 1814 a 19 de Junho de 1819. Acabou a sua carreira como desembargador da Relação e Casa do Porto (27.5.1825).

Sua mãe, natural de Cascais, era proprietária do ofício de escrivão da Câmara e da Almotaçaria daquela vila, que ele herdou em 1820, quando da morte do pai, podendo nomear servente (carta de 14 de Junho de 1825).

Em Angra participou com várias personalidades desterradas na cidade, por estarem implicadas na Setembrizada, numa Sociedade Patriótica que divulgou as ideias liberais. Quando se deu a revolução de 1820 em Lisboa ele em Angra (onde havia permanecido como desembargador vogal da Junta de Justiça) e o seu sucessor Eugénio Mascarenhas *Grade, o novo juiz-de-fora, tentaram proclamar de imediato a Constituição e uma adesão às Cortes. Não o conseguiram, mas conjuntamente com outros ligados à Sociedade Patriótica levaram avante a revolução de 2 de Abril de 1821, que destituiu o capitão-general e formou um efémero *governo interino. Derrotada esta numa contra-revolução triunfante foi preso e expulso dos Açores. Já em Lisboa publicou um folheto anónimo onde relata os acontecimentos passados em Angra nessa primeira instalação de um governo constitucional e que é hoje considerado, conjuntamente com a obra de Drumond, a melhor fonte histórica desse período. J. G. Reis Leite

Obra. (1821), Notícia resumida dos acontecimentos da ilha Terceira na installação do seu governo constitucional, na contra-regeneração; nos martirios e despotismos praticados pelo ex-general Stockler. Lisboa, Officina de António Rodrigues Galhardo.

 

Fontes. Arquivo da Universidade de Coimbra, Matrículas, 20.10.1785 (Filosofia), 14.10.1786 (Direito). Id., Exames, 3.6.1791 (bacharel), 31.6.1792 (formatura). Id., Juizes de fora, cx. 6. Id., Certidões de baptismo, 26.8.1770. IAN/TT, Leitura de Bacharéis, letra A, maço n.º 3, n.º 23. Id., Chancelaria de D. Maria I, Mercês, liv. 44, fl. 318v ? carta de juiz de fora da ilha de Santa Maria, 21.7.1794. Id., ibid., liv. 67, fl. 363v ? carta de juiz de fora de Vila Franca do Campo, 16.8.1803. Id., Chancelaria de D. João VI, Mercês, liv. 37, fl. 103v ? carta do ofício de escrivão da Câmara e Almotaçaria da vila de Cascais, 8.8.1821. Id., ibid., liv. 43, fl. 174v ? provisão para nomear servente nesse ofício, 14.6.1825. Id., ibid., liv. 41, fl. 323v ? carta de desembargador da Relação e Casa do Porto, 27.5.1825.

 

Bibl. Drumond, F. F. (1981), Anais da Ilha Terceira. 2.ª ed., Angra do Heroísmo, Secretaria Regional de Educação e Cultura, IV: 1-22. Enes, M. F. D. T. (1994), O Liberalismo nos Açores. Religião e Política (1800-1832). Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, I: 377-394 [policopiado]. Valadão, F. L. (1964), Dois capitães generais e a 1.ª revolução constitucional na Ilha Terceira. Lisboa, Ed. Panorama.