Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Lopes, António da Silveira

[N. Fajã dos Vimes, Ribeira Seca, ilha de S. Jorge, 15.12.1875 ? m. Angra do Heroísmo, 28.12.1963] Assentou praça como recruta incorporado no Regimento de Cavalaria 2, em 1896. Fez o curso da arma de Infantaria da Escola do Exército (1899) e foi promovido sucessivamente a alferes, em 1900; tenente, em 1902; capitão, em 1910; major, em 1917; tenente-coronel, em 1919; coronel, em 1927. Passou à reserva a 30 de Novembro de 1935.

Como alferes serviu em Lourenço Marques em 1900, como tenente em Angola, em 1902 e novamente em Moçambique como capitão, em 1910, onde comandou a 6.ª companhia indígena.

Em 1912 passou ao Estado Maior de Infantaria e foi encarregado da instrução militar preparatória do Distrito Administrativo de Angra do Heroísmo. Em 1914 passou a ajudante do Regimento de Infantaria 25, na cidade de Angra e daí em diante a sua vida militar foi quase toda nessa unidade e nessa cidade. Como tenente-coronel foi nomeado 2.º comandante do Regimento (23.6.1923) e em 1927 (decreto de 28 de Maio) foi promovido a coronel supranumerário comandante do mesmo. Com a reorganização do Exército, nesse ano, o Regimento de Angra do Heroísmo passou ao n.º 22 (decreto n.º 13.852 de 29 de Junho) e o coronel Lopes foi seu comandante até 1931, quando na sequência da «revolução democrática» nos Açores o Regimento de Infantaria n.º 22 foi dissolvido (decreto n.º 19.657 de 28 de Abril de 1931).

A sua acção nesse período revolucionário foi avaliada de forma diferente pelo comandante das forças da Ditadura, coronel Fernando *Borges e pelo sindicante coronel Gonçalo Pimenta de Castro. O primeiro avaliou positivamente a sua acção, nomeou-o governador militar em substituição do coronel José Pedro Soares, que alegou estar doente, e deixou um testemunho do coronel Lopes ter exercido com êxito dois meses de difícil comando depois de ter sido vencida a revolução. O segundo, pelo contrário, considerou-o, com os outros comandos «covarde» por não ter sido mais enérgico, nem resistir. O processo acabou por ser arquivado mas Silveira Lopes não voltou a ter comando de tropas e foi colocado como chefe do distrito de recrutamento dos Açores (7.11.1931) que exerceu até passar à reserva em 1935.

Além da carreira militar foi governador civil do Distrito de Angra do Heroísmo entre 17 de Fevereiro e 24 de Maio de 1915, durante o governo da «ditadura» do general Pimenta de Castro e foi também apoiante de Sidónio Pais, presidindo à Comissão Administrativa da Junta Geral de Angra do Heroísmo.

Depois de reformado foi director da Empresa Foto Cinema Açores, pioneira do cinema em Angra e produtora de um documentário sobre a Ilha Terceira exibido com enorme êxito no Teatro Angrense. J. G. Reis Leite

Fontes. Arquivo Histórico Militar (Lisboa), cx. 3686.

 

Bibl. Gomes, A. (1993), Teatro Angrense. Elementos para a sua história. Angra do Heroísmo, Câmara Municipal de Angra do Heroísmo: 247.