Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Maia, Carlos Bento Roma Machado Faria e

 [N. Lisboa, 6.6.1861 ? m. Estoril, 21.8.1953] Era filho do micaelense José Inácio Machado de Faria e Maia, meio irmão do 1.º visconde de Faria e Maia, licenciado em Direito e magistrado, e de D. Paulina Roma.

Assentou praça a 27 de Outubro de 1889, no Regimento de Artilharia 1, fez o curso preparatório na Escola Politécnica e o curso de Engenharia Militar na Escola do Exército (1885). Foi promovido a alferes, em 1886; tenente, em 1888; capitão, em 1889 (para o Estado-Maior da arma); major, em 1910; tenente-coronel, em 1913 e coronel, em 1915.

Distinguiu-se e é conhecido pela sua longa carreira no ultramar, em Moçambique e Angola, onde esteve em sucessivas comissões de serviço desde finais do século XIX até 1917. Foi director de obras públicas, director dos caminhos de ferro, trabalhou na Companhia de Moçambique, integrou o Conselho de Guerra, chefiou a reunião de delimitação de fronteiras.

A sua ligação aos Açores começou cedo, pois visitou a ilha de S. Miguel com a mãe, em 1878 e já como capitão em 1890, fez parte da brigada de reconhecimento militar das ilhas adjacentes, tendo então percorrido as Flores, Faial, S. Miguel e a Terceira.

Tem uma vasta bibliografia essencialmente sobre questões coloniais, mas alguns dos seus trabalhos referentes à história dos descobrimentos e da prioridade portuguesa na descoberta da América e do conhecimento dos Açores no século XIV, que foram apoiados por António Ferreira de Serpa, são importantes para a história das ilhas atlânticas. Deixou também uma memória sobre geofísica e vulcanologia insular que apresentou ao Congresso Açoriano (1938).

Mas é sobretudo um livro de memórias familiares que mais profundamente interessa aos Açores. Nas Memórias da Vila Roma registou muitas informações particulares sobre a família Faria e Maia e da pequena história de S. Miguel, que tornam o livro uma imprescindível fonte para a genealogia e a história social do século XIX e XX.

Era condecorado com a Ordem de S. Bento de Avis, cavaleiro, 1901, e grande oficial, 1926, medalha de prata de comportamento exemplar (1886) e dos serviços distintos no Ultramar (1905). Sucessivamente louvado pela sua acção ultramarina, nomeadamente pelo rei D. Carlos. Existe em Lisboa uma rua com o seu nome (Bento Roma). J. G. Reis Leite

Obras. (1937), Apontamentos para um novo indice cronologico das primeiras viagens, descobrimentos e conquistas dos portugueses. Lisboa, Of. Fernandes [prefácio de António Ferreira de Serpa]. (1940), Memórias da Vila Roma e das famílias que com a família Roma tiveram mais relações de parentesco ou amizade. Lisboa, Ed. do autor. (1942), Memória sobre manifestações geofísica de carácter vulcanológico nos arquipélagos da Madeira e Açores apresentada ao Congresso Açoriano em Lisboa (1938). Separata da Revista Terra, Lisboa, Of. Fernandes. (1945), Prioridade dos portugueses no descobrimento da América do Norte, América Central e América do Sul. Coimbra, Coimbra Ed. Lda.

 

Fontes. Arquivo Histórico Militar (Lisboa), cxs. 3042 e 1734.

 

Bibl. Memórias da Vila Roma e das famílias que com a família Roma tiveram mais relações de parentesco ou amizade (1940). Lisboa, Ed. do autor.