Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Magalhães, Altino Amadeu Pinto de

[N. Trás-os-Montes, 8.5.1922] Assentou praça em 1940 e fez o curso da Escola do Exército na arma de Infantaria e foi sucessivamente promovido a alferes, em 1943; tenente, em 1945; capitão, em 1947; major, em 1955; tenente-coronel, em 1963; coronel, em 1968; brigadeiro, em 1973; general, em 1976; general de 4 estrelas, em 1979. Passou à reserva em 1984 e à reforma em 1991.

Como coronel do corpo do Estado Maior serviu em Angola e em 1973, brigadeiro, foi governador de distrito.

Por portaria de 6 de Janeiro de 1975 foi graduado em general supra-numerário do Estado-Maior e nomeado para desempenhar o cargo de governador militar dos Açores. Chegou a Ponta Delgada num período muito agitado da evolução revolucionária do 25 de Abril e em plena crise política da luta ideológica e da agitação anticomunista e separatista.

Em 6 de Junho de 1975 ocorreu em Ponta Delgada uma grande manifestação de protesto, que havia sido proibida e que degenerou numa manifestação separatista. Os militares tentaram barrar o acesso dos manifestantes ao palácio do governo civil, mas sem êxito e a multidão invadiu o edifício exigindo a demissão do governador civil, o Dr. Borges *Coutinho, tido como o testa de ferro da política esquerdista do governo. O general Altino de Magalhães acorreu ao governo civil e numa confusa situação o governador civil demitiu-se, o que provocou uma onda de alegria nos manifestantes e gritos exigindo a independência dos Açores. Seguiu-se uma negociação entre o comandante chefe e um grupo de manifestantes e quando acalmaram os ânimos foram ordenadas uma série de prisões de personalidades consideradas os cabecilhas da manifestação, que foram deportados para a Terceira e acusados de crime contra a unidade nacional. A situação acabou por evoluir com o apoio do general, favoravelmente para as forças políticas não comunistas e defensoras da autonomia, com a expulsão dos Açores de um grupo de adeptos das teses esquerdistas.

Na sequência destes acontecimentos formou-se uma Junta Governativa Regional criada pelo decreto-lei n.º 458/B/75 de 22 de Agosto presidida pelo comandante militar e composta por vogais ligados ao PSD, PS e CDS e que passou a funcionar como um governo provisório dos Açores até à aprovação da Constituição e à instalação dos órgãos de governo próprio da Região Autónoma dos Açores que a Constituição criara.

O general Altino Magalhães, entretanto promovido a general efectivo (9.2.1976) continuou a sua carreira colocado no Estado-Maior do Exército (1977-1978) e vice-chefe do Estado-Maior do Exército (1979). Como general de 4 estrelas foi vice-chefe do Estado Maior General das Forças Armadas (1980-1981) e Director do Instituto de Defesa Nacional (1982-1984). J. G. Reis Leite

Bibl. Furtado, S. (2001), Caminhos cruzados. O processo democrático e a deriva independentista dos Açores. Atlântida, XLVI: 11-36. Lista de antiguidades dos oficiais do Exército (1984). Lisboa, Imprensa Nacional. Ordem do Exército (1975), n.º 20, 2.

 

 

Adenda
[N. Ribalonga, Carrazeda de Ansiães, Bragança Trás-os-Montes, 8.5.1922 – m. Oeiras, 24/01/2019]. Ranu Costa (2022)