Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Lacerda, José Caetano de Sousa Pereira de

[N. Ribeira Seca, Calheta, S. Jorge, 21.7.1861 ? m. Estoril, 12.7.1911] Médico, poeta. Formado pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa (1894), exerceu clínica no Hospital de S. José, a partir de 1903, tornando-se notado pelos seus conhecimentos científicos, particularmente em psiquiatria. A tese de fim de curso, Os neurasténicos (1896), marcou o rumo dos seus estudos. O capítulo «Mal de Niver», em Esboços sob pathologia social, foi considerado como incluindo tudo quanto existia de mais moderno na ciência patológica social.

Segundo Silveira (1977: 187), a sua poesia não sendo, a rigor, simbolista, também não cabe na classificação de parnasiana, antes tipifica um momento de intervalo entre o Parnaso e o Simbolismo. Daí que Flor de Pântano nunca obtivesse dos críticos a atenção que merece, limitando-se os poucos que se referem ao livro a arrumá-lo como «poesia científica», isto à conta apenas das expressões paramédicas contidas nos poemas. Para Lima (1922), era um espírito superior, vibrátil. Possuía uma estranha organização de artista, uma alma de poeta, veemente e sonhadora; Flor de pântano é um livro acima do banal, que nos impressiona, que não esquece. Deixou colaboração no Quinquagenário ? 1858-1908 ? Cinquenta anos de actividade mental de Teófilo Braga e em revistas e jornais, nomeadamente no jornal A *Justiça (1891-1893), publicado nas Velas, ilha de S. Jorge, onde publicou, regularmente, poesia e outra.

Deputado eleito pelo círculo de Angra do Heroísmo em 1901, nas listas do Partido Regenerador, participou na legislatura de 1902-1904. No início da legislatura fez um longo discurso, publicado posteriormente. Luís M. Arruda

Obras. (1888), Hecatombe, a propósito do incêndio do teatro Baquet. Lisboa. (1889), Flor de Pântano. Lisboa, M. Gomes. (1891-1893), Lupercais [inédito]. (1895), Os neurasténicos. Esboço de um estudo médico e filosófico. Lisboa, M. Gomes [tese de fim de curso, com prefácio de Sousa Martins]. (1895), Bíblia Íntima [inédito]. (1901), Esboços de Pahtologia Social e ideias sobre Pedagogia Geral. Lisboa, José A. Rodrigues. (1902), Algumas palavras sobre interesses açorianos pronunciadas na Câmara dos Deputados e ampliadas depois, com ligeiras notas a respeito do parlamentarismo português, e sobre a origem geológica, a situação geográfica, o clima, a flora, a fauna terrestre e marítima, o descobrimento, a colonização, a navegação, etc. do arquipélago dos Açores. Lisboa, Liv. Rodrigues e comp.

 

Bibl. Leite, J. G. R (1995), Política e Administração nos Açores de 1890 a 1910. O 1.º Movimento Autonomista. Ponta Delgada, Jornal de Cultura: 159-168. Lima, M. (1922), Familias Faialenses. Horta, Tip. «Minerva Insulana». Silveira, P. (1977), Antologia de Poesia Açoriana do século XVIII a 1975. Lisboa, Sá da Costa. Sousa, P. S. (2005), Lacerda, José Caetano de Sousa e In Dicionário Biográfico Parlamentar (1834-1910). Lisboa, Assembleia da República, II. Dr. José de Lacerda (1911), O Telégrafo, Horta, n.º 5.221, 31 de Junho [notas biográficas transcritas do Diário de Notícias].