[N. Rio de Janeiro, 6.3.1851 ?m. Lisboa, 3.10.1910] Foi muito cedo para Portugal onde estudou, formando-se em Medicina pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, em 1877, com a apresentação de uma tese sobre delírio das perseguições, que anunciava o seu interesse futuro pela psiquiatria. Foi médico do Hospital de S. José e professor, desde 1880, da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, ainda que a sua mais conhecida ocupação tenha sido como director do Hospital de Rilhafoles.
Presidente da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, organizou o XV Congresso Internacional de Medicina, em 1906, que foi um êxito. Sócio da Academia das Ciências de Lisboa, presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais, animador da Liga Nacional Contra a Tuberculose e fundador com outras do jornal Medicina Contemporânea.
Defensor em ciência e em política de teses polémicas, não se furtando à discussão pública, a partir de 1908 tornou-se um militante activo do republicanismo, sendo um dos dirigentes da revolução de 1910, mas não chegando a conhecer o seu desfecho por ter sido assassinado nas vésperas da vitória.
Foi aos Açores, a S. Miguel, a convite da recém-formada Junta Geral Autónoma, em 1898, para estudar e dar parecer sobre uma questão central da política local autónoma, a instalação de um hospital de alienados que tinha sido um cavalo de batalha da propaganda contra os governos centrais, acusados de cobrar imposto especial para este fim, mas abandonar os pobres loucos açorianos à sua sorte. A estada em S. Miguel suscitou-lhe uma série de artigos que reuniu em livro, Açores Médico, o qual levantou uma enorme polémica, principalmente com um crítico impenitente do sistema, Eugénio Vaz Pacheco do *Canto e Castro. J. G. Reis Leite (2002)
Obra. (1899), Açores Médico. Lisboa, Tip. Adolpho Mendonça.
Bibl. Castro, E. P. C. (1899), Pontos nos ii (Análise crítica do Açores Médico). Coimbra, Tip. França Amado. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (s.d.), Lisboa-Rio de Janeiro, Ed. Enciclopédia, IV: 871. Leite, J. G. R. (s.d.) Política e Administração nos Açores de 1890 a 1910 ? O Primeiro Movimento Autonomista. Ponta Delgada, Jornal de Cultura. Silva, I. F.(1973), Dicionário Bibliographico Portuguez. 2ª ed., Lisboa, Imp. Nacional, XVII: 42, 320; Aditamento: 139 [?Dicionário de Inocêncio?].