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Bruges, Jácome de Ornelas

(J. de O. B. Paim da Câmara, 2º Visconde de Bruges e 2º Conde da Praia da Vitória) [N. Angra do Heroísmo, 14.12.1833- m. Funchal, 20.1.1889] Foi o filho primogénito do 1º Visconde de Bruges e 1º Conde da Praia da Vitória e sucedeu na grande casa de seu pai, mediante composição amigável com os restantes herdeiros, mas foi um péssimo administrador desses bens, que à sua morte estavam hipotecados na sua quase totalidade.

É uma interessante figura do século XIX, um misto de grande senhor, alto funcionário e político. Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, foi adido honorário à legação de Portugal em Bruxelas, mas acabou por seguir outra carreira, que não a diplomática. Regressou a Angra em 1857, e em 1861 era secretário-geral do distrito de Angra do Heroísmo. Exerceu o cargo de inspector dos tabacos e tinha sido nomeado superintendente das alfândegas dos Açores, pouco tempo antes de morrer. Do Partido Progressista, herdou do pai a chefia da esquerda do Liberalismo no distrito natal, mas a sua morte causou uma grave crise de liderança no partido.

Ainda em vida do pai (morto em 1870), começou a exercer o cargo de governador civil em Angra do Heroísmo (17.12.1861 a 25.9.1865; 14.1.1868 a 25.2.1869; 11.10.1877 a 31.1.1878; 3.6.1879 a 26.3.1881; 13.8.1886 a 11.10.1888) e em Ponta Delgada (15.9.1869 a 11.10.1877), aquando de governos progressistas. Foi eleito deputado às Cortes pelo círculo de Angra do Heroísmo nas legislativas de 1860-61, 1861-64 e 1884-87.

Fundou a Sociedade Promotora das Artes e Letras de Angra do Heroísmo em 1866, os Asilos da Mendicidade de Praia da Vitória e de Ponta Delgada e promoveu a 1ª Exposição de Agricultura, Artes e Indústrias dos Açores em 1863. Foi presidente da Assembleia Geral do Montepio Terceirense. Em 1880, a colónia portuguesa do Rio de Janeiro requereu ao governo português a sua nomeação para Ministro Plenipotenciário no Império do Brasil, mas não foi atendida.

Fidalgo Cavaleiro da Casa Real por alvará de 7.1.1867, 2º Visconde de Bruges por carta de 31.12.1864 e 2º Conde de Praia da Vitória pelo decreto de 8.11.1870, não chegou a suceder a seu pai como Par do reino, lugar que só veio a ser ocupado pelo seu filho Octávio de Ornelas Bruges, em 1903.

Foi condecorado com a Grã-Cruz de Francisco José da Áustria (decreto de 14.6.1875), comendador da Ordem de Cristo e de Nª Srª da Conceição de Vila Viçosa (decreto de 21.9.1876), Cavaleiro de Mérito Agrícola de França (1886) e Oficial da Academia de França. J. G. Reis Leite (Jul.2000)

Bibl. Leite, J. G. R. (1990), Um retrato pintado por Victor Meireles e exposto no Palácio de Angra do Heroísmo, nos Açores. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, III, 9: 27-32. A Nobreza de Portugal (1960), Lisboa, Ed. Enciclopédia, III: 493.