Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Câmara, Rodrigo da (D.)

[N. ?, ? - m. Sagres, 30.4.1662] 9º capitão de S. Miguel. Filho de D. Manuel da *Câmara, 8º capitão de S. Miguel e segundo conde de Vila Franca, e de D. Leonor de Vilhena (ou D. Leonor Henriques). Casou duas vezes: a primeira, com D. Maria de Faro; a segunda, com D. Maria Coutinho, dama da rainha D. Isabel de Bourbon e filha do quarto conde da Vidigueira, D. Francisco da Gama. Foram padrinhos deste último casamento Filipe IV e D. Isabel de Bourbon e, como dote, D. Rodrigo da Câmara recebeu o título de conde de Vila Franca, de juro, para si e todos os seus descendentes, por carta de 1 de Julho de 1628 (Arquivo dos Açores, 1981: 83-84; Chagas, 1989: 207 e 644-645). Dias antes, por alvará de 28 de Junho, D. Rodrigo da Câmara recebera a mercê de, ausentando-se de S. Miguel, poder nomear três pessoas para governador da ilha ? cargo de chefia militar ?, das quais o rei escolheria aquela que lhe parecesse mais conveniente. Ainda nesse mesmo ano, por carta de confirmação de 26 de Outubro, D. Rodrigo da Câmara recebeu por três vidas a mercê do provimento dos ofícios das vilas e lugares da ilha de S. Miguel, podendo fazer as eleições das câmaras, tal como fora dada a Rui Gonçalves da *Câmara, em 1576 (Rodrigues, 1994: 281-282). No início da década de 1640, após ter informado os poderes municipais de S. Miguel dos acontecimentos relacionados com a aclamação de D. João IV, D. Rodrigo da Câmara partiu para o reino. Em 1643, assistiu ao baptismo do Infante D. Afonso; em 1644, foi eleito provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa; em 1646, comandou uma companhia nas campanhas do Alentejo; e, em 1647, serviu como estribeiro-mor da rainha D. Luísa de Gusmão. Regressou a S. Miguel em 1648. O conde D. Rodrigo da Câmara, durante as suas estadas na ilha, fazia-se rodear por um séquito composto por elementos das nobrezas locais, exibindo liberalidade e magnânimidade para com os que lhe eram leais. Todavia, a recusa de alguns nobres em participar nessa corte senhorial gerou clivagens, que se manifestaram abertamente ao longo do segundo quartel do século XVII (Rodrigues, 1994: 253-254). Em 1651, D. Rodrigo da Câmara foi acusado de crime de sodomia e preso pela Inquisição. Condenado em 1652, perdeu o título de conde e todos os seus direitos e bens. Morreu no convento de S. Vicente, em Sagres, onde se encontrava desterrado (Maia, 1988: 216-241; Rodrigues, 1994: 253-254 e 297-298). José Damião Rodrigues (2001)

 

Bibl. Arquivo dos Açores (1981-82), ed. fac-similada da ed. original, Ponta Delgada, Universidade dos Açores, IV e X. Chagas, D. (1989), Espelho Cristalino em Jardim de Várias Flores. Angra do Heroísmo-Ponta Delgada, Secretaria Regional da Educação e Cultura/Universidade dos Açores. Maia, F. A. M. F. (1988), Capitães dos Donatários (1439-1766). 4ª ed., Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada. Rodrigues, J. D. (1994), Poder Municipal e Oligarquias Urbanas: Ponta Delgada no Século XVII. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada. Sousa, A. C. (1953), História Genealógica da Casa Real Portuguesa. Nova ed., Coimbra, Atlântida, XII, I.