[N. Angra do Heroísmo, c. 1821- m. Lisboa, 1.11.1887] Como filho bastardo de uma família nobre preponderante na cidade de Angra, não tinha futuro previsível. Alistou-se com 15 anos e assentou praça como voluntário a 7.6.1836 na Brigada Real da Marinha, passando no ano seguinte ao Batalhão Naval. Foi alferes em 1842, tenente em 1847, capitão em 1851, tendo neste posto passado ao exército de África Ocidental. Major, por distinção no campo de batalha, em 1860, foi-lhe permitido ficar pertencendo ao exército de Portugal. Tenente-coronel e coronel em 1862, na província de Angola, só em 1882 viu este posto reconhecido no exército de Portugal, tendo-se reformado em 1883, no posto de general.
A sua carreira, quase toda em Angola, é uma autêntica aventura recheada de glórias militares, exercício de lugares de destaque na administração e períodos de acção obscura, que o levaram à prisão, acusado de extorsão e violência, tendo sido julgado em conselho de guerra e condenado, entre 1850 e 1853. Comandou o presídio de Massangano (1853), as forças da expedição a Ambriz (1854) e as forças em campanha, em 1860, quando foi promovido por distinção. Foi também o comandante das operações a leste de Luanda (1862-64), na acção punitiva contra o régulo de Cassange e foi de seguida nomeado governador da fortaleza de S. Francisco do Penedo. Na administração civil, foi chefe do concelho de Ambriz (1860) e governador do distrito de Golungo Alto (1863).
Regressou definitivamente a Portugal em 1865. Era um apoiante incondicional do marechal Saldanha, a quem acompanhou na sua última aventura político-militar em 1871, sendo deportado para a praça de Peniche e julgado por crime de revolta, saindo absolvido.
Recebeu as condecorações de comendador da Ordem de Cristo (1862) e comendador da Torre e Espada (1863). J. G. Reis Leite (Jul.2000)
Bibl. Arquivo Histórico Militar (Lisboa), Cx. 951. Noronha, E. (1923), José do Telhado em África. Porto, Liv. Simões Lopes.