Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Borba, Tomaz Vaz de

[N. Angra do Heroísmo, 23.11.1867- m. Lisboa, 12.11.1950] Compositor e pedagogo. O seu talento revelou-se desde jovem quando estudou no Seminário de Angra e aprendeu música na Sé Catedral. Depois de ordenado, em 1890, inscreveu-se no Conservatório de Lisboa, onde obteve as mais altas classificações nos cursos de piano e harmonia. Ao mesmo tempo frequentou e concluiu o curso Superior de Letras. Iniciou a carreira de professor em 1901, no Conservatório, dando aulas de Harmonia; foi professor de solfejo e canto coral na Escola Normal Primária; leccionou no Liceu D. Maria Pia; regeu o orfeão do Liceu da Lapa e foi director artístico da Academia de Amadores de Música.

Conseguiu introduzir no Conservatório a cadeira de História da Música, que regeu durante alguns anos; modernizou o ensino, na Escola Normal Superior, com a introdução de ginástica rítmica e iniciou o método do solfejo entoado, que substituiu o método do solfejo rezado. Contribuiu igualmente para a introdução do Canto Coral nas escolas. As suas propostas foram acompanhadas com a publicação de obras didáctico-pedagógicas, pioneiras no ensino musical em Portugal. Foi por sua iniciativa que veio para Portugal o primeiro órgão pneumático.

Na área da composição, enveredou pelo caminho de uma arte singela, apesar de ter praticado, nos finais do século XIX, os princípios do cromatismo e do modalismo, que constituíam novidade na altura. A sua obra abrange o campo da arte religiosa e profana. No primeiro caso, escreveu missas, um Requiem, um Te Deum e várias canções sacras; no segundo, compôs várias peças para piano e canções para crianças. Musicou alguns trechos de poetas açorianos e do Cancioneiro dos Açores e compôs o Hino do Grémio dos Açores, em Lisboa, tendo colaborado activamente nos serões culturais promovidas por esta instituição. Deixou uma vasta obra, com mais de 60 trabalhos. Mestre de várias gerações de músicos, contam-se entre os seus discípulos Luís de Freitas Branco, Ivo Cruz e Fernando Lopes-Graça. Carlos Enes (Jul.1999)

Obras Principais (1910), Coros religiosos para duas vozes iguais: Com acompanhamento ad libitum. Braga. (1913), O Canto Coral nas escolas, vol. I: Canções a uma voz. Lisboa,  Ed. G. de Lacerda. (1916), Canções a Três Vozes. Lisboa, Valentim de Carvalho. (1924), Trechos selectos para uso das classes de português do Conservatório Nacional de Música de Lisboa. Lisboa, Valentim de Carvalho. (1937), Canções para Crianças, para as Mães e para as Escolas. Lisboa, Valentim de Carvalho, 2 vols. (1937), Manuel de Harmonia. Lisboa,  Ed. Neuparth. (1962-63), Dicionário de Música. Lisboa, E. Cosmos [em conjunto com F. Lopes Graça]. (1966), Exercícios graduados de Solfejo. 16ª ed., Lisboa, Valentim de Carvalho. Outros trabalhos, sem data, publicados pela Valentim de Carvalho: Cantos e Bailatas, 1ª série; Danças portuguesas; Escola musical, 3 vols; Toadas da Nossa Terra.

 

Bibl. Borba, T. e Graça, F. L. (1962), Dicionário de Música. Lisboa, Ed. Cosmos. Portugal, Madeira e Açores (1950), Lisboa, 22 de Fevereiro.