Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Figueiredo, José Carlos

 [N. Lisboa, na segunda metade do século XVIII ? m. ?, 12.9.1843] Ingressou no Real Corpo de Engenheiros, em 1789, e acabou os estudos na Real Academia de Fortificações, Artilharia e Desenho a 27 de Junho de 1795, sendo despachado 2.o tenente do Real Corpo de Engenheiros, a 4 de Dezembro de 1796. Fez, em 1801, a campanha contra os franceses debaixo das ordens de Gomes Freire de Andrade e em 1807 foi nomeado para servir na província da Beira. Acusado de partidário dos liberais e afrancesado é preso por ordem da Regência como implicado na Setembrizada e deportado para os Açores na célebre Amazonas, em 1810. Em Angra fica preso no convento de S. Francisco, sendo reformado compulsivamente, em 1813, no posto de capitão, para no ano seguinte ser incluído na amnistia régia e reintegrado no serviço como o foi de facto quando a ordem chegou a Angra.

Permaneceu nos Açores onde o capitão-general Aires Pinto de Sousa o encarregou de uma missão de inspecção das fortificações na ilha de Santa Maria de que escreveu um relatório com uma descrição topográfica da ilha. Fez o reconhecimento militar das ilhas de S. Miguel, Terceira, Graciosa e S. Jorge, em 1822 e em 1823 levantou cartas militares topográficas de S. Miguel (publicada por Luiz da Silva Mouzinho de *Albuquerque nas suas Observações), Santa Maria, S. Jorge e Faial e ainda parte da Terceira e nesta ilha um plano para um molhe.

Foi promovido a major em 1818 e em 1820 a tenente-coronel «como galardão dos serviços prestados nas ilhas dos Açores».

Pertenceu à maçonaria e participou activamente no pronunciamento militar que derrubou o capitão-general em 1821, mas sendo aquele derrotado foi preso até que se consolidou a autoridade das cortes liberais em Agosto seguinte. Em 1828 regressou à capital do reino e foi nomeado Director das Pontes Militares de Punhete e Abrantes.

Com a reviravolta política e a vitória do miguelismo é perseguido e na iminência da prisão refugia-se, em 1831, em Inglaterra sendo considerado como «desertor em tempo de paz». De Inglaterra parte para Angra onde se apresenta a 20 de Maio de 1831 na Secretaria de Estado de Guerra e assume o comando do Corpo Militar dos Engenheiros nas ilhas dos Açores (14 de Julho de 1831).

Não acompanhou o *Exército Libertador, sendo coronel graduado em 1832, mas foi enviado pelo Prefeito Costa Refoios (11 de Maio de 1833) para expor ao governo a situação das ilhas dos Açores, sendo então promovido a coronel efectivo (25 de Setembro de 1833) e empregado nas fortificações do Porto.

Com a vitória liberal é nomeado (3 de Novembro de 1834) governador interino da Praça de Elvas. Como era cartista, foi separado do exército durante o regime da revolução de Setembro (1836-1838) vindo a ser reintegrado e promovido a brigadeiro em 1842. J. G. Reis Leite

Obra «Descripção da Ilha de Sancta Maria por J. C. F., tenente-coronel d?Engenheiros, que em 1815 ali foi em comissão». Insulana (1960). Ponta Delgada, (2), XVI: 205-225. «Carta topográfica da ilha de S. Miguel» in Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque (1826), Observações sobre a ilha de S. Miguel recolhidas pela comissão enviada à mesma ilha em Agosto de 1825... Lisboa, Imprensa Régia.

 

Bibl. Arquivo Histórico Militar (Lisboa), caixa 251. Corte Real, M. F. (1960), «Apontamentos biográficos do coronel de engenheiros José Carlos de Figueiredo». Insulana (1960), (2), XVI: 226-231. Marques, A. H. O. (1997), História da Maçonaria em Portugal. Lisboa, Editorial Presença, III: 490.