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Guerra, Manuel Alves (2o barão de Santana)

 [N. Horta, 1.11.1834 ? m. Bruxelas, 15.10.1910] Filho de Rodrigo Alves *Guerra, irmão do barão e visconde de Santana, ficou órfão criança e foi com o irmão Rodrigo educado pelo tio. Estudou em Lisboa e Coimbra por cuja Universidade, em 1856, se formou em Direito. Foi nomeado administrador do concelho de Sintra, distinguindo-se no combate a uma epidemia da febre amarela, o que lhe valeu o hábito de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

Passou à carreira diplomática, por concurso, sendo colocado como adido à legação em Haia e depois Bruxelas. Foi condecorado com a Cruz da Coroa de Carvalho e na Bélgica com o grau de cavaleiro da Ordem do Rei Leopoldo. Em 1862 passou a adido efectivo em Turim e promovido a secretário, recebeu a comenda da Ordem de Cristo e o rei de Itália agraciou-o com a Ordem de S. Maurício e S. Lázaro. Em 1869 passou a secretário efectivo da legação de Viena de Áustria, que por algum tempo chefiou. Foi agraciado com a comenda da Ordem da Coroa de Ferro, que lhe conferiu o título de barão, na Áustria. Nessa ocasião foi feito barão de Santana, por decreto de 10.2.1870. Em 1871 passou a 1.o secretário da legação de Londres e em 1874 foi nomeado enviado extraordinário e plenipotenciário junto da República dos Estados Unidos da América. Foi condecorado com o grau de comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Voltou à Bélgica onde a partir de 1880 chefiou a legação portuguesa.

Foi eleito deputado pelo círculo da Horta em 1861, pelos históricos (a esquerda liberal) e ficou assinalada a sua passagem nas Cortes pela iniciativa que tomou de propor a lei para a construção de uma doca na ilha do Faial e que se transformou no decreto de 20.6.1864, dando início ao processo de construção do porto artificial cujos trabalhos se iniciaram em 1876.

Foi cavaleiro fidalgo da casa real (1862).

Casou na Bélgica com D. Luísa Bowndir de Melsbroeck e a sua descendência fixou-se nesse país, continuando seu filho e neto o título de barão e visconde de Santana e pertencendo à nobreza belga. J. G. Reis Leite

Bibl. Andrade, M. J. (1996), Políticos Açorianos. Ponta Delgada, Jornal Cultura: 124. Lima, M. (1922), Famílias Faialenses. Horta, Tip. Minerva Insulana: 516 e 523. Rodrigues, V. L. G. (1985), A geografia eleitoral dos Açores de 1852 a 1884. Ponta Delgada, Universidade dos Açores: 58 e 273. Zuquete, A. E. M. (1960-1961), A nobreza de Portugal. Lisboa, Ed. Enciclopédia, III: 300.