[N. Lagoa, Algarve, 1795 ? m. ?, ?] Filho de Eugénio Dionísio de Mascarenhas, estudou em Coimbra entre 1802 e 1807, quando se formou em leis. Inscreveu-se na magistratura mas interrompeu a leitura e só em 1809 foi aprovado. Foi nomeado juiz de fora de Angra, por carta de 10.5.1819 e era em 1827 juiz de fora em Braga. No início do seu mandato em Angra, em Julho de 1819, teve divergências, como membro da Junta da Fazenda, com o capitão-general Araújo, que o suspendeu, mas não obstante isso acabou por apoiar aquele brigadeiro para chefe da primeira revolta liberal na cidade, em Abril de 1821, porque se opunha ferozmente à política prosseguida pelo novo capitão-general Stockler, que, aliás, se recusara a reconduzi-lo. Fundou, com outros, a Sociedade Patriótica Génio Constitucional, motor da revolta de 1821, em Angra.
Quando as Cortes levaram avante a sua política em relação aos Açores e se estabeleceu um governo interino, foi finalmente reintegrado, desenvolvendo controversa actividade política em Angra. Com a vitória da facção realista, em 1823, e antes de ser destituído, abandonou a cidade regressando ao reino. Foi eleito deputado pela província dos Açores, em Fevereiro de 1827, nas primeiras eleições cartistas. Prestou juramento nas Cortes a 23 de Março, mas teve fraca participação política. Com o restabelecimento do absolutismo em 1828 perde-se o seu rasto.
Foi pai do 1.o visconde da Lagoa, seu homónimo e magistrado ilustre e não ele próprio visconde da Lagoa como erradamente vem no Dicionário do Vintismo. J. G. Reis Leite
Bibl. Castro, Z. O. (dir.) (2000), Dicionário do Vintismo e do Primeiro Cartismo. Lisboa, Assembleia da República/Afrontamento, I: 735. Drumond, F. F. (1980), Anais da Ilha Terceira. 2.a ed., Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura, IV: 75 e segs. Enes, M. F. T. D. (1999), «As primeiras eleições constitucionais e cartistas em Angra: ideologias em presença» In Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, LVII: 577-605. Leite, J. G. R. (1999), «As primeiras eleições cartistas nos Açores em 1826» In Arquipélago, (2), III: 325-380. Valadão, F. L. (1958), «Um juiz de fora em Angra no 1.o quartel do século XIX» In Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, XIX: 68-98.