[N. Tomar, 17.12.1906 ? m. Parede, Cascais, 27.11.1994] Compositor. A sua ligação aos Açores aconteceu desde cedo, por ter sido discípulo do padre Tomás *Borba. Lopes Graça publicou o Dicionário de Música Portuguesa em conjunto com o seu professor, ampliando os apontamentos que aquele havia deixado. Manteve também contactos com o maestro Francisco Lacerda e editou a Lira Açoriana, musicando poemas de Antero de Quental, Vitorino Nemésio e do Cancioneiro Popular. Deslocou-se também várias vezes ao arquipélago para participar em semanas musicais. Lopes Graça foi compositor, pianista, professor, crítico e publicista. Formado pelo conservatório português teve dificuldades em divulgar todo o seu talento por razões de ordem política. Militante comunista, foi perseguido e preso durante o Estado Novo, tendo, inclusive, sido proibido de leccionar. Em 1942, fundou a Sociedade de Concertos Sonata, vocacionada para a música de câmara contemporânea, e em 1951, a revista Gazeta Musical e o Coro da Academia de Amadores de Música. Pela sua obra de compositor recebeu vários prémios do Círculo de Cultura Musical, a partir dos anos 40, e o prémio «Rainier do Mónaco», em 1965, que distinguia obras orquestrais e de música de câmara. Colaborou também na recolha e classificação do folclore musical português em conjunto com Artur Santos e Michel Giacometti. Após o «25 de Abril», foi eleito presidente da reforma do ensino musical e recebeu várias condecorações. Carlos Enes