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hortênsia

Nome pelo qual são conhecidas as plantas da família das Hydrangeaceae pertencentes à espécie Hydrangea macrophylla, segundo Schäfer (2002), Sjögren (2001) e Palhinha (1966), também conhecida por novelão segundo Palhinha (1966) e Schäfer (2002). O nome Hidrângea, palavra de origem grega que significa vaso de água, foi atribuído a esta planta pelo naturalista Commerson, em homenagem a sua amante Hortense, mulher do famoso relojoeiro Lepeaute.

Segundo Schäfer (2002) e Sjögren (2001), é um arbusto até 3,5 m, de folha caduca, muito ramificado; ramos numerosos, ascendentes a erectos; folhas opostas, simples, ovadas, serradas, mais ou menos globosas; flores em corimbos terminais, as mais exteriores geralmente estéreis; sépalas 4, alargadas, azuis, brancas ou cor-de-rosa; pétalas 5, geralmente azuis-esbranquiçadas, estreitamente ovadas, até 4 mm; fruto em cápsula; perene; floração de Maio a Julho.

O solo ácido dá às flores cor azul, e quando rico em matéria orgânica dá robustez à planta. Em solos neutros ou alcalinos, as flores adquirem uma tonalidade cor-de-rosa. O ambiente húmido e a luz pouco intensa dão às flores o aspecto acetinado.

Quando subespontânea as flores são normais no centro e estéreis na periferia (Palhinha, 1966).

Nativa da China e do Japão, foi introduzida nos Açores provavelmente há 150 anos, onde ocorre em todas as ilhas. Tem sido usada como ornamental, plantada ao longo das estradas, e na construção de sebes para dividir propriedades que se tornam muito densas e eficientes, praticamente impenetráveis. As sebes floridas de azul, muito atractivas, fornecem um elemento da paisagem muito típico em algumas das ilhas dos Açores, tornando-se um cartaz turístico admirado por muitos visitantes. Todavia, escapada frequentemente da cultura, graças à sua habilidade competitiva, tornou-se invasiva de muitos habitats até 1.000 m, nomeadamente de pastagens abandonadas, encostas de ravinas e crateras onde a vegetação natural tenha sido cortada ou seja baixa e esparsa, encontrando-se perfeitamente naturalizada e competindo com as últimas manchas da vegetação indígena, faltando apenas nas regiões costeiras (Schäfer, 2002 e Sjögren, 2001).

Os faialenses criaram, como refere Silva Peixoto (1951), um verdadeiro culto pela hortênsia, a flor que lhes embeleza as suas estradas e os seduz nos seus passeios, aquela que melhor define e sintetiza o seu rincão natal. À ilha do Faial, Raul Brandão, em As Ilhas Desconhecidas, chamou Ilha Azul. Luís M. Arruda

Bibl. Peixoto, S. (1951), A bem da nossa terra. O culto das hortênsias. O Telégrafo. Horta, 12 de Julho, n.o 15.480. Schäfer, H. (2002), Flora of the Azores, A field guide. Weikersheim, Margraf Verlag. Sjögren, E. (2001), Plantas e flores dos Açores. S.l., ed. do autor.