Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Homem, Álvaro Martins

 [N. ?, ? ? m. Praia, c. 1532] 3.o capitão da Praia, ilha Terceira, na linha dos Martins Homem, ou 4.o capitão se tomarmos como primeiro Jácome de *Bruges. Neto de Álvaro Martins *Homem e filho de Antão Martins *Homem, primeiro e segundo capitães da Praia, não recebeu carta régia de confirmação da capitania. A justificá-lo estará o curto período que sobreviveu ao pai, já que o testamento deste último é aberto a 5 de Dezembro de 1531 e Álvaro Martins Homem será dado como morto antes de Setembro de 1532. No entanto, no exercício das funções de capitão é detectado em datas bem mais recuadas. Em 1515, na isenção de jurisdição dos capitães da Praia, concedida a João de Teive, já se define que ela será em relação ao capitão, propriamente dito, mas também a seu filho. A mesma situação fica igualmente atestada no termo de sagração da matriz da Praia, na medida em que aí se regista, explicitamente, o desempenho da incumbência governativa da capitania. É também certo Drummond referir renúncia do pai no filho, confirmada pelo rei em 1522. No entanto, não é conhecida cópia deste documento, e antes fica demonstrado exercer funções de capitão anos antes. Outro documento que poderá corroborar o que fica dito e, principalmente, a situação de ter auferido uma boa parte dos rendimentos da capitania, ainda em vida de seu pai, é o dote e arras de casamento com Beatriz de Noronha. Pelo referido, de 9 de Maio de 1513, é sabido comprometer-se o progenitor a dar-lhe 1/3 das rendas da capitania, logo que casasse, e 1/2 das ditas rendas, quatro anos após o enlace. Considerando o acordo matrimonial ter sido feito para Julho do mesmo ano, pode dizer-se que, já em 1517 estavam, nas suas mãos, metade das rendas da capitania da Praia. Casou de facto (não pode ser confirmado se no dito mês de Julho) com Beatriz de Noronha, filha de João de Noronha, fidalgo da ilha da Madeira, de quem teve os seguintes filhos conhecidos: Antão Martins da *Câmara, segundo de nome e seu sucessor na capitania; Luís Martins ou Luís Homem; António de Noronha que terá casado na Índia; Brás de Noronha, frade agostinho; Brianda, Inês e Francisca que terão sido freiras; e Maria que morreu por volta de 1534/1535. Entre algumas situações de conflito nas quais se envolveu, o caso da demanda dos «Paim», pela posse da capitania, desperta particular atenção. Não apenas pela antiguidade do pleito, mas porque, sendo vera a informação de Frutuoso, mandaria ele próprio queimar a carta de doação de Jácome de Bruges, avô de Diogo Paim (2.o de nome), lesando em definitivo os eventuais direitos da referida família. Tal, não deixou de insinuar o douto cronista, terá de certo modo prenunciado o que na geração seguinte aconteceu aos «Martins Homem»: o fim da linha dos capitães. Rute Dias Gregório

Fontes. Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo, Cartório dos Condes da Praia, Inventários-1516 a 1556, maços 2.3.2., 2.3.3, 2.3.4..

 

Bibl. dos Açores (1980, 1982, 1982, 1983). Ponta Delgada, Universidade dos Açores, II, IV, X e XII. Chagas, D. (1989), Espelho Cristalino em Jardim de Várias Flores. S.l., Secretaria Regional da Educação e Cultura/Universidade dos Açores. Drummond, F. F. (1981), Anais da Ilha Terceira. S.l., Secretaria Regional de Educação e Cultura, I [Reimpr. fac-simil. da edição de 1850]. Frutuoso, G. (1978), Livro Sexto das Saudades da Terra. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada. Leite, J. G. R. (2002), A honra, o serviço e o proveito: os capitães da Praia. Arquipélago-História, VI (2): 11-31.