Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Holstein, D. Pedro de Sousa (único conde e marquês de Palmela, duque do Faial, e 1.o duque de Palmela)

[N. Turim, Itália, 7.5.1781 ? m. Lisboa, 12.10.1850] Uma das figuras mais destacadas da história do liberalismo em Portugal, diplomata, político e ministro cuja biografia é sobejamente conhecida e de fácil consulta. À Enciclopédia Açoriana interessa a sua acção na fase da implantação do regime liberal a partir das ilhas açorianas, com D. Pedro, duque de Bragança.

Quando se deu em Angra o pronunciamento militar de Caçadores 5, a 22 de Junho de 1829, e a Terceira se transformou no único ponto do território nacional fiel à Carta Constitucional e à rainha D. Maria II, Palmela, então em Londres, era a alma do partido liberal e a ele se devem os apoios possíveis para manter a situação na Terceira, nomeadamente o envio do conde de Vila Flor para organizar a defesa, que teve o seu epílogo com a batalha da Vila da Praia, em 11.8.1829.

D. Pedro em 1830 decidiu nomear uma regência para Portugal, dando ordens para esta se estabelecer na cidade de Angra, ilha Terceira, e nomeou o então conde de Palmela seu presidente, ordenando o seu embarque para aquela cidade. O conde, ainda que contrariado e julgando a decisão um grave erro, obedeceu e embarcou para a Terceira com o seu colega José António *Guerreiro, na escuna inglesa Jack of the Lantern, onde chegou a 15 de Março. A regência instalou-se nesse mesmo dia, formada pelos dois vindos de Inglaterra e pelo conde de Vila Flor, em lugar do marquês de Valença, que recusara o encargo.

Esta regência não era uma solução pacífica mesmo entre os liberais e a facção afecta ao general Saldanha combateu-a fortemente promovendo mesmo uma conjura para assassinar o próprio conde de Palmela e deportar os outros membros. Descoberta esta, por inconfidência de um dos conjurados, foi o caso abafado e vagamente acusados os miguelistas. Mas a acção principal da regência, sempre com grandes dificuldades financeiras, uma vez que só podia contar com 8.000 libras mensais, estipuladas pelo imperador, quando precisava de 40.000, foi conseguir o dinheiro suficiente na ilha Terceira, primeiramente e depois nos Açores e na Europa, para recolher nas ilhas os «emigrados» de Inglaterra e França, conquistar o arquipélago e começar a preparar o futuro exército libertador. D. Pedro de Sousa Holstein, com a ajuda de José António Guerreiro e a acção do conde de Vila Flor levou a bom termo a missão.

D. Pedro abdicou da coroa imperial do Brasil e decidiu regressar à Europa para assumir as responsabilidades dos negócios de Portugal. Em 1831, a 19 de Setembro, chamou Palmela a Londres e reafirmou-lhe a sua confiança anunciando que iria em pessoa assumir a regência em nome de D. Maria II, embarcaria para os Açores e nomearia um governo em que Palmela seria membro, mas que o consultaria sobre a composição da mesma. Efectivamente formou esse governo, mas não consultou Palmela que se mostrou renitente em aceitar o lugar e só o fez por patriotismo.

As dissidências com Saldanha avolumaram-se nesses dias e agravaram-se as divergências entre ambas as facções, por D. Pedro não ter trazido o general consigo para os Açores, por pressão das cortes europeias.

Palmela acompanhou D. Pedro, duque de Bragança, aos Açores, mas entretanto havia ido para S. Miguel sua mulher com o filho primogénito, D. Alexandre, gravemente enfermo e que veio a morrer nessa ilha nas vésperas da partida do exército libertador, em Junho de 1832.

Palmela depositou nas mãos do Duque de Bragança a regência a bordo da fragata Rainha de Portugal, na baía de Angra, a 3 de Março de 1832. Passou então a integrar o governo como ministro e acompanhou D. Pedro até ao Porto, sendo aí agraciado, por decreto de 4 de Abril de 1833, com o título de duque do Faial, logo a seu pedido mudado, a 13 de Julho, para duque de Palmela. Acabava assim o período açoriano da vida do duque de Palmela. J. G. Reis Leite

Bibl. A nobreza de Portugal (1960). Lisboa, Iniciativas Ed., III: 99-104. Drumond, F. F. (1981), Anais da Ilha Terceira. 2.a ed., Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura, IV: 258-325. Martins. R. (s.d), Palmela na Emigração (estudo sobre cartas inéditas). Lisboa, Tip. Ed. José Bastos: 103-180. Nemésio, V. (s.d.), A Terceira durante a regência In Exilados (1829-1832). História sentimental e política do liberalismo na emigração. Lisboa, Bertrand: 226-255.