[N. Angra do Heroísmo, 1853- m. Lisboa, 7.12.1923] Artista decorador, professor e anarquista. Nascido no seio de uma família sem recursos, foi-lhe prometido auxílio para frequentar a Escola de Belas-Artes em Lisboa. Como o auxílio não se concretizou, dedicou-se à pintura decorativa em Lisboa, Beja, Évora e Figueira da Foz. Desde jovem, aderiu aos ideais do anarquismo e foi um dos organizadores do movimento, inserindo-se nas lutas desenvolvidas pelos trabalhadores no período da Monarquia e da República. Conheceu Antero de Quental, que o apresentou a João de Deus. Em Elvas, aplicou o método de ensino do pedagogo utilizando como livro de leitura a Anarquia de Malatesta, num curso nocturno para adultos. Pelo facto, foi preso e conduzido para Lisboa, onde passou algum tempo na prisão do Limoeiro. Na altura do Regicídio, em 1908, foi preso, por uns dias, conjuntamente com outros anarquistas. No período da República, voltou novamente à prisão por se ter destacado em manifestações de trabalhadores. Colaborou no diário sindicalista A Greve, foi um dos organizadores da conferência anarquista, realizada em Lisboa em 1914, e da constituição da União Anarquista Portuguesa, em 1923. Carlos Enes (Mai.1996)
Bibl. Botelho, A. (1989), Memória & Ideário. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional de Educação e Cultura.