Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Ataíde, Maria da Graça Hintze Ribeiro Jardim de

[N. Sintra, 26.7.1904] Filha do 2.° conde de Valenças, Ricardo Anjos Jardim, e de sua primeira mulher, D. Emília Brum do Canto Hintze Ribeiro, esta natural de S. Miguel. Casou em 15.10.1938 com Augusto de *Athayde Corte Real Soares d?Albergaria. Ambos construíram a Casa do Jardim José do Canto e o monumento erguido a esse seu bisavô no mesmo jardim. Participou durante décadas em diversas organizações da Igreja, tendo, designadamente, pertencido nos anos 50-60 à Direcção Nacional da Acção Católica Portuguesa, participado activamente nas obras sociais do P.e Abel Varzim, etc. Dedicou grande parte da vida ao desenvolvimento de uma obra literária iniciada aos 17 anos com a publicação do poema dramático «Leone!», muito bem acolhido por alguns dos maiores vultos literários da época. Seguiram-se, após alguns anos de intervalo e já em plena maturidade, diversos ensaios, conferências, peças de teatro e outras obras, sendo de referir, designadamente: Noções Elementares de Decoração (1944), Religião e Superstição; Um Neto de Renan: Ernest Psichari; Espaço para Alguns (peça de teatro galardoada com o Grande Prémio do Secretariado Nacional de Informação para teatro inédito, 1961, e ed. pelo mesmo secretariado); diversas peças de teatro radiofónico; etc. De notar a curiosidade de ter inédito um romance escrito num inglês, que aqueles que o leram dizem ser linguisticamente perfeito, mas que optou por não publicar por o considerar «fora de época». A sua obra principal corresponde, todavia, a três volumes de Memórias, publicados com apreciável sucesso, sob o título geral de Uma Vida Qualquer (I, Quando o Tempo Era Rio, Braga, 1981; II, Portos, Temporais e Âncoras, Lisboa, 1986; III, Terra à Vista, Lisboa, 1991). Um tanto surpreendentemente, já a caminho dos cem anos, em 1999, tem para publicação um volume com três novelas «policiais», sob o título Três Mistérios. Uma colectânea do seu teatro está em organização por Duarte Ivo Cruz, sob o título Teatro sem Palco. De referir ainda variada colaboração na imprensa micaelense, principalmente nos anos 40 e 50, e RTP nos anos 60. Augusto de Athayde (Mai.1996)

Bibl. Athayde, A. (1997), Livro de Família, Lisboa, ed. do autor, I [fora do mercado]. Rebelo, L. F. (1984), 100 Anos de Teatro Português. Lisboa, Brasília Editora: 44. Cruz, D. I. (1991), O simbolismo no teatro português. Lisboa, Instituto de Cultura e Língua Portuguesa: 186 e segs.