Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Cacena

GENEALOGIA Da ilha Terceira ? Descendem estes dos di Cassana, abastados populares da Ligúria, na Península Itálica. Estes navegadores e mercadores Cassana estenderam a sua actividade ao arquipélago das Canárias e, na segunda metade do século XV, um dos seus ramos, estabelecido em Génova, acabou por fundar uma casa comercial nos Açores, ao que parece ligada à rede mercantil dos Espínola, Rivarolo e Centurione, que negociavam em Sevilha. Em 1484, Andrea di Cassano desenvolvia já a sua actividade comercial na Andaluzia, e parecem datar desta altura as suas ligações com os arquipélagos portugueses no Atlântico. Tudo aponta para que tenha sido um irmão de Andrea, Luca di Cassano, quem desenvolveu os negócios da família nos Açores, e por seu intermédio ou iniciativa, Andrea di Cassano obteve o monopólio da exploração do pastel (Isactis tintoria) na ilha Terceira, por carta régia de 18.3.1490. O negócio parece ter prosperado, uma vez que se conhece um contrato de 1494 referente a um embarque de 600 quintais de pastel da Terceira destinado a Sevilha. Pelo menos Lucas de Cacena (na versão indigenada do patronímico), residia já na Terceira no começo do século XVI, não só exportando a planta tintureira, como também importando azeite da Andaluzia, convertendo-se num dos mercadores de bom trato da praça de Angra. Foi nobilitado por D. João III que, a 22.7.1530, lhe concedeu uma Carta de Brasão de Armas de mercê nova mas, aquando da aprovação do testamento do terceirense João Martins Merens, testemunha já na qualidade de «Lucas de Caçena fidalgo da Caza del Rei nosso Senõr». Este mercador de origem genovesa testou em Angra a 12.9.1538, deixando 1000 cruzados às cinco filhas de seu irmão Andrea, entretanto falecido. Conhecem-se os nomes de duas destas cinco irmãs, Simoa Cacena, mulher de Pêro de Sequeira, de quem teve, pelo menos, um filho chamado Domingos, e Maria Cacena, casada com Domingos Vieira, pais do pe. António Vieira, vigário de S. Mateus na ilha Terceira, e Catarina Vieira Cacena, mulher de António Gonçalves de Ávila, com geração que seguiu o apelido paterno.

Mas o testamento de Lucas de Cacena contempla também três irmãos do testador residentes na Terceira. Em primeiro lugar, Ana de Cacena, dotada com 100.000 reais, que veio a casar com Pedro de Reboredo, e Pedro de Cacena, ambos com geração. Contempla também o mais novo, João de Cacena, que viria a receber 10.000 reais quando completasse vinte e cinco anos, e um presumível sobrinho de Lucas, chamado Francisco de Cacena, que vivia com sua mulher, Inês Neto (falecida nos Biscoitos a 21.1.1583), na freguesia da Sé, em Angra, dos quais ficou geração. Actualmente existem ainda, ao menos na ilha Terceira e designadamente em S. Sebastião e no Cabo da Praia, núcleos familiares conhecidos por ?Cacenas?, cuja ligação ao tronco açoriano parece possível reconstituir. Manuel Lamas (2001)

HERÁLDICA De ouro, com três faixas de negro e um crescente de vermelho ao meio do chefe. Timbre: um leopardo sainte de ouro, carregado de um crescente de vermelho no peito. Luís Belard da Fonseca (2001)