(J. de A. Brum da Silveira) [N. Horta, 8.3.1948 - m. Lisboa, Recolhimento das Mercearias do Lumiar, 25.2.1921] Historiador e teorizador político. Irmão do presidente da República Manuel de Arriaga, e oito anos mais novo, transferiu-se para Coimbra (1861) a concluir preparatórios, matriculando-se (1864) na Faculdade de Direito, onde obteve (1869) o respectivo bacharelato. Ainda estudante, enquanto seu irmão preferiu a novelística de incidência politológica, ele já optou pela análise dos fenómenos históricos, colaborando em revistas e jornais (Academia Litúrgica de Coimbra, Folha do Povo, Democracia e Era Nova). Nomeado conservador do Registo Predial em Resende, e depois transferido para Benavente, Moura e Reguengos de Monsaraz, iniciou a exegese dos sistemas conservador e progressista, tendo optado por este último, já com uma clara directriz republicana, a qual se acentuou perante o Ultimatum inglês. Rejeitou a aliança luso-britânica, por achar que ela só interessava à manutenção da Monarquia e, à Inglaterra, pelos benefícios colhidos da exploração das colónias portuguesas. Disposto a demonstrar a marcha da história para a República, escreveu duas volumosas obras sobre a Revolução de Setembro e a Revolução de 1820 que constituem obras-primas da historiografia romântico-positivista e severas análises das mutações políticas, em que releva a importância do pensamento na construção dessas mutações. O cap. III do vol. I da História da Revolução de 1820 constitui um excelente excurso sobre o pensamento filosófico português entre 1720 e 1820. Possuído de grave neurastenia, tentou residência em Paris, em Madrid e no Brasil, mas regressou ao Continente, onde o seu estado de saúde se degradou até à morte num asilo. Mereceu a estima de muitos, entre eles Ramalho Ortigão e Teófilo Braga, que o ajudaram a publicar alguns livros. Pinharanda Gomes (Abr.1996)
Obras principais: (1880), A Política Conservadora. Lisboa, J. G. Sousa Neves. (1882), A Inglaterra, Portugal e as Suas Colónias. Lisboa, Tip. do Comércio. (1886-89) História da Revolução Portuguesa de 1820. Porto, Lopes e C.ª, 4 vols. (1892), História da Revolução de Setembro. Lisboa, Companhia Nacional Ed., 3 vols. (1902), La Monarquia y el Siglo. Madrid, J. Palácios. (1905), Oitenta Anos de Constitucionalismo Outorgado (1826-1905). Lisboa, M. A. Branco & C.ª. (1906), As Civilizações do Oriente e do Ocidente. Porto, Artur J. de Sousa. (1911), Os Últimos Sessenta Anos da Monarquia. Lisboa, Parceria A. M. Pereira. (1921), Breve Notícia das Novidades Históricas [...] Contidas nas Obras de Propaganda Impressas e Manuscritas Doadas à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Coimbra, Imp. da Universidade. (1980), A Filosofia Portuguesa (1720-1820). Lisboa, Guimarães Ed. [ed. autónoma do cap. III do vol. I de História da Revolução Portuguesa de 1820]. (s.d.), A Questão Religiosa. Porto, Imp. Portuguesa. (1915), Prefácio a Silva, D., Os Excomungados. Porto, Comércio do Porto. Colaborou nos Perfis Literários e Artísticos de Henrique Zeferino de Albuquerque.
Bibl. Silva, I. F. (vários anos), Diccionario Bibliographico Portuguez. Lisboa, IV, XII e XVIII. Gomes, P. (1980), Prefácio, In Silveira, J. A. B., A Filosofia Portuguesa (1720-1820). Lisboa, Guimarães Ed.