Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

estação baleeira

Instalação numa enseada ou porto, formada por uma rampa de pedra, plataforma de desmancho de cachalotes e traióis (do inglês try-works) ou apenas por algum ou alguns deles, onde as carcaças dos cachalotes eram despojadas do *espermacete e do toucinho que eram derretidos nos traióis. Na maioria das estações baleeiras não havia rampa de pedra e as presas eram desmanchadas ou varadas no calhau ou deixadas a flutuar encostadas a um pequeno cais. Neste caso o cais funcionava como se fosse o convés e o costado de uma barca baleeira. O local de desmancho, esquartejamento no falar dos baleeiros, e os traióis nem sempre ficavam próximos pelo que o material a derreter tinha de ser transportado em carros de bois gradeados a vime.

Para retirar o sistema orgânico do espermacete e o toucinho eram utilizados métodos artesanais, baseados na cortadeira ou espeiro (do inglês spade) com o auxílio de roldanas e de cabrestantes manuais. A carcaça esfolada não era utilizada, sendo rebocada e abandonada no mar alto.

As estações baleeiras apareceram nos Açores, provavelmente no Faial, em 1832, com o início da baleação costeira, mas só em 1934 apareceu, em São Vicente, na ilha de S. Miguel, a primeira unidade fabril usando a força do vapor sob pressão para içar os cachalotes, mover os guinchos de desmancho e manter as autoclaves em carga, entre outras aplicações. Acabou por substituir a estação de traióis das Capelas que lhe ficava próxima.

Pelos finais da II Guerra Mundial, quando a frota baleeira aliada estava praticamente parada e o arquipélago contribuía com cerca de 40% das capturas mundiais de cachalotes, foram construídas as fábricas de Porto-Pim (1943), na ilha do Faial, Cais do Pico (1946), na ilha do Pico, Santa Cruz (1946), na ilha das Flores, e Lajes do Pico (1954), na ilha do Pico. Todas processavam o toucinho, o espermacete e o osso, mas algumas processavam também carne para rações. Uma delas extraía óleo de fígado (cf. Clarke, 1954). A última a cessar o funcionamento, em 1984, foi a do Cais do Pico, pertença das Armações Baleeiras Reunidas. Luís M. Arruda

Bibl. Clarke, R. (1954), Baleação em botes de boca aberta nos mares dos Açores. História e métodos actuais de uma indústria-relíquia. [Trad. de Fernando J. F. da Silva, 2001]. s.l., ed. do autor e do trad..