Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

escaravelho-japonês

Coleóptero da família Scarabaeidae, originário do Japão, onde não provoca prejuízos nas culturas pelo facto de ser controlado pela acção de numerosos inimigos naturais. A sua introdução no arquipélago dos Açores ocorreu na ilha Terceira e remonta ao ano de 1970 (Guimarães, 1985). Entretanto, a falta de medidas limitativas adequadas permitiram a sua disseminação por via marítima para a ilha do Faial onde já foi assinalada a sua presença em 1996 (A União, 1996). A sua presença na ilha do Pico é igualmente provável (Borges, com. pessoal).

O seu ciclo biológico (Fig. 1) compreende o ovo, depositado pelos adultos no solo a partir de meados do mês de Junho (Fig. 2), a eclosão deste de uma larva que atravessa 3 instares larvares (Figs. 1 e 2), um estado de transição entre o larvar e o de pupa, denominado de prépupa (Figs. 1 e 2), o de pupa (relativamente curto) e finalmente os adultos que emergem do solo (primeiro os machos e algum tempo depois as fêmeas). A fêmea depois de acasalar inicia a sua postura no solo completando deste modo o ciclo de vida desta espécie (Lopes, 1999).

Tratando-se de um insecto polífago, os adultos alimentam-se de folhas e partes florais de inúmeras espécies arbustivas e arbóreas, tendo preferência pelo castanheiro, videira e silva (Lopes, 1999). Os instares larvares como se desenvolvem no solo alimentam-se das raízes das plantas presentes, sobretudo de espécies de gramíneas das pastagens.

Diversos meios de luta têm sido aplicados no seu combate. Logo aquando do seu aparecimento foram utilizados meios de luta biotécnica, através da colocação no campo, inicialmente à volta da zona de introdução e, mais tarde, por quase toda a ilha (em quadrícula de 1 km de lado), redes de armadilhas Ellisco com atractivo floral e feromona sexual (Japonilure) bem como, numa tentativa de erradicação, se recorreu à luta química através da aplicação, por helicóptero, de um insecticida, cuja substância activa era o carbaril. Esta forma de combate foi entretanto abandonada. Entretanto têm sido testados outros meios de protecção cultural e mesmo biológicos (fungos, nemátodos, bactérias e parasitóides).

Uma vez que a Região Autónoma dos Açores é a única zona do país onde esta praga existe, desde a sua introdução que tem sido publicada legislação fitossanitária para impedir a sua saída da região e o seu alargamento a outras ilhas dos Açores (Portaria n.º 71/83, de 23 de Agosto; Decreto Legislativo Regional n.º 10/85A, de 21 de Agosto; Decreto Legislativo Regional n.º 11/85A de 23 de Agosto; Decreto Legislativo Regional n.º 5/89A de 8 de Julho; Portaria n.º 51/95 de 3 de Agosto). David Horta Lopes

Bibl. A União (1996), Escaravelho japonês chega ao Faial. Angra do Heroísmo, 103 (30110), 14 de Setembro. Guimarães, J. M (1985), O caso da introdução do escaravelho japonês na Ilha Terceira. Protecção da Produção Agrícola. Lisboa, 1: 223-226. Lopes, D. J. H. (1999), A tomada de decisão no combate ao escaravelho japonês (Popillia japonica Newman; Coleoptera:Scarabaeidae) na Ilha Terceira. Dissertação de Doutoramento em Ciências Agrárias. Especialidade Protecção de Plantas. Angra do Heroísmo, Universidade dos Açores.