Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Amaral, Manuel Augusto de

[N. Água de Pau, ilha de S. Miguel, 29.8.1862 - m. Ponta Delgada, 25.12.1942] Poeta. Frequentou o Seminário de Angra do Heroísmo (Terceira), mas interrompeu os estudos por falta de vocação para a vida eclesiástica. Regressado definitivamente a S. Miguel, dedicou-se pelo resto da vida ao ensino particular em Ponta Delgada, num colégio chamado Escola Minerva, que veio a adquirir.

A geração açoriana a que pertence, surgida pelos anos 80, compreende poetas como José Botelho Riley, Garcia Monteiro, José de Lacerda, Filomena Serpa, Manuel António Lino, Alice Moderno, etc., que não tiveram um projecto literário propriamente geracional, limitando-se a seguir na esteira da Geração de 70, em cujas liras procuraram afinar as suas próprias, uns (a maioria) tangendo-as numa clave tangencialmente parnasiana ou neo-romântica, outros (mais raros) desferindo acordes ao gosto do fim-do-século, com os quais se aproximaram, mas só um pouco, do espírito (mais do que da letra) dos poetas decadentes, ligeiramente mais novos.

Manuel Augusto de Amaral, por sua vez, deriva a sua poesia do lirismo sentimental de João de Deus - com, a espaços, alguma reflexão filosófica à Antero - e cai, de vez em quando, na eloquência alexandrina de Junqueiro; mas é do povo, «o mais antigo / e verdadeiro / Poeta da Humanidade», que se confessa discípulo e de quem segue o rasto lírico em vários volumes de cantigas, onde há «versos que o povo bem podia cantar como seus», no dizer de Pascoaes. Eduíno de Jesus (1998)

Obras principais: (1884a), Miragens. Ponta Delgada. (1884b), As Mães. Ponta Delgada. (1889), Volatas. Ponta Delgada. (1892), A Pátria (2.ª ed. ampliada 1893). Ponta Delgada. (1896a), Campanha de África. Ponta Delgada. (1896b), Feixe de Goivos. Ponta Delgada. (1897), Cantigas, I (2.ª ed. ampliada 1901). Ponta Delgada. (1910), A Pátria Nova. Ponta Delgada. (1911), Poentes de Outono. Ponta Delgada. (1914), Açorianas. Ponta Delgada. (1915), Cantigas, II. Ponta Delgada. (1917a), Cantigas, III. Ponta Delgada. (1917b), Récita de Caridade. Ponta Delgada. (1917c), A Expedição Portuguesa. Ponta Delgada. (1919), A Guerra (2 eds.). Ponta Delgada. (1922a), Raid Portugal-Brasil. Ponta Delgada. (1922b), Padrões. (1924a). Cantigas, IV, Ponta Delgada. Angra do Heroísmo. (1924b), Cantigas, V. Ponta Delgada. (1932a), Rosário de Cantigas. Ponta Delgada. (1932b), Auroras dos Açores. Ponta Delgada. (1962), Gotas de Fel e Mel e Cinzas Frias (deixados inéditos e incluídos por Ruy Galvão de Carvalho na Antologia Poética de Manuel Augusto de Amaral).